quinta-feira, janeiro 17

Analisando essa cadeia hereditária, quero me livrar dessa situação precária

Perdi meu mojo.

Estamos em meio de janeiro, as promoções para as férias de maio acabando, e o que vamos fazer? Não sei.

Queria um hotel all-inclusive fantástico, numa praia linda e não muito lotada, a menos de 3 horas de avião, custando menos de €1500 por pessoa por 2 semanas. A resposta certinha pro meu dilema é a Turquia, mas o marido quer ouvir o Alexandre Frota cantando Festa no Apê, e não quer ouvir de ir pra Turquia.

A gente é cobrado tanto de ser politicamente correta, e de não ter preconceitos, e os holandeses se acham tão "tolerantes", até você falar de turquia e dos turcos. E vou extender: de pobre. Se for turco pobre, valha-me deus.

Minha vizinhança é um bairro novo feito ao lado da vizinhança turca de Eindhoven. Meu bairro era uma "favela", ou o que mais se aproxima disso. A vizinhança dos turcos emendou na vizinhança das "casas sociais", que emendou nos "woonwagenkamp" aqueles parques de trailers. Há 10 anos decidiu-se "limpar" o bairro, "Eindhoven sem gueto", diziam. Os trailers foram todos removidos. Aqui tem umas casas-trailers, na verdade umas casas pré-fabricadas, que nem são feias, mas holandês odeia ( e com certa razão, elas não pagam impostos ), foram também removidas, apenas uma ruelinha com as mais novas obteve permissão pra ficar. As casas sociais foram vendidas e os moradores realocados.

Pausa para Explicação:

Aqui na Holanda, toda prefeitura é dona de umas casas que eles alugam a preços módicos para quem precisa, a tal casa social. Eu não entendo 100% do negócio, mas você prova que tem baixa renda, entra numa fila, e quando chega sua vez pode alugar uma dessas casas. Um studio em Eindhoven custa ao redor de €800 por mês em aluguel normal, minha antiga empregada tinha uma dessas casas sociais aqui perto e pagava €280, e era uma casa muito boa. Holandeses questionam muito esse "benefício", porque deveria ser usado para dar uma ajudazinha temporária para quem cai em tempos difíceis, 1 ou 2 anos, mas o que se observa é que muita gente, principalmente profissionais liberais, ganham no papel pouco, recebem "no black", e acabam vivendo nessas casas a vida inteira. Eu, pra ser sincera, não sei o que pensar, imagino minha antiga empregada, com salário de 1200 euros, como pagar um aluguel tão caro? Mas ela mesmo, por fora, tirava uma boa grana no preto fazendo faxinas, oficialmente não se qualificaria pra tal casa. E aquele que ganha 1200 euros por mês, tendo uma casa boa por 280 euros, tem muito incentivo pra se esforçar e melhorar de vida? E melhorar de vida é só uma questão de esforço? Então… não sei.

Voltando ao assunto

Quando compramos a nossa casa, mostraram todo o plano de revitalização da área, muita gente tinha um preconceito enorme com aquela região, então a prefeitura deu garantias de que o bairro ficaria lindinho, como no papel. Um fator que influencia muito no preço da sua casa é se sua vizinhaça tem casas alugadas, ninguém quer morar perto de casas alugadas, e nos foi prometido que o bairro seria inteiro de "casas próprias".

Por enquanto, tudo que prometeram, cumpriram, mas é difícil vencer os preconceitos holandeses. Por exemplo, a escola do bairro era considerada uma "escola preta", até o termo é feio. Quer dizer que tem muitos estrangeiros ou decendentes de ( leia-se: turcos, marroquinos, antilhanos; porque para os outros estrangeiros, o termo é "escola internacional" ), então demoliram a escola velha e construiram uma escola nova, linda, modernésima, a idéia era transformar em "escola cinza", ou seja, com uma proporção melhor de "pretos" e holandeses. Só que os moradores do meu bairro ( a parte nova ) se recusam a trazer seus filhos pra essa escola e misturá-los, então pegam seus carros de manhã e vão pros cafundós onde moravam trazer os filhos pra escola. Até a creche, linda, da rede KoreinPlein ( a principal de Eindhoven ) está vazia ( já ouviram falar de creche vazia na Holanda? ), porque o povo não quer misturar nem os bebês.

Na "ponta" do bairro fica o asilo de animais. Como já disse aqui, me surpreendeu a baixa quantidade de animais ali, a maioria fica em casa de voluntários, então o asilo não é muito grande, não tem cheiro nenhum, mas eventualmente, tem uns latidos. Passo sempre por ali quando vou fazer caminhada, nunca ouço um pio. O plano era mover o asilo e construir casas ao redor, mas muita gente protestou contra mover o asilo, afinal ele fica no meio da cidade e é fácil pra qualquer um que quer um animalzinho chegar ali, até de ônibus, pra adotar; se fosse transferido pra Coxipó da Ponte, muita gente não ía nem ter como ir pra lá. O resultado é que o asilo fica, e a construtora diz que, especialmente nessa crise, não conseguirá vender casas ali. A proposta da prefeitura é construir então, casas sociais. Gente, nunca vi tamanho furor nos vizinhos. Mais do que rápido se organizou uma comissão de moradores, se contratou um advogado, contactou-se o jornal local. Meus vizinhos holandeses tolerantes toleram tudo, menos pobre ali do lado deles! O interessante é que o manifesto para pedir uma pracinha pras crianças teve uns 30 colaboradores, esse do movimento "anti-pobre" tem mais de 200!

Eu gostaria de dizer que pouco me importo, mas estaria mentindo. O pessoal das casas pré-fabricadas frequenta o mercado local, e são ultra estranhos, ontem tinha um obviamente "under influence" e tiveram que chamar um segurança; e no verão, dão festas de rua com o som nas últimas, sempre tem um vizinho chamando a polícia. Mas o principal é que se isso acontecer, o preço da nossa casa vai cair ainda mais. Com a crise, meu bairro inteiro está pagando por casas que hoje valem 100 mil a menos que valiam quando compramos, e agora com mais essa…

Não sei no que vai dar, nem o drama da vizinhança, nem meu dilema de férias. Em breve, cenas do próximo capítulo. ( gente, acabaram com as cenas do próximo capítulo nas novelas, né? )

segunda-feira, janeiro 14

Mas, né

Ultimamente tenho achado meu trabalho chato, muito chato.

Olho pro lado e as coisas chatérrimas empilhando, e as legaizinhas não são prioridades, eu não tenho tempo pra fazer.

Em certos momentos eu invejo que tem uma ziquezira no meio da sua carreira profissional e muda de ramo completamente.

Uma vez, numa dessas minhas (muitas) reclamações sobre o trabalho, recebi o e-mail de uma pessoa: pelo amor de deus Adriana, cala a boca e vai trabalhar. Eu estou aqui sem emprego, temos que escolher qual conta pra pagar no fim do mês, estou há X anos sem voltar ao Brasil, e você aí, com trabalho perto de casa, ganhando bem, e reclamando.

Então. Não vou reclamar. Mas, né…

quarta-feira, janeiro 9

Alles komt goed, schatje

Vou fazer um post doido pra falar de duas coisas (ou três ) absolutamente não relacionadas uma com a outra.

Lembram-se do vizinho doido encrenqueiro com a vaga pública de estacionar? Recapitulando: minha casa tem duas vagas descobertas para estacionar, mas quando eu chego em casa e o marido ainda não está ( raro ), eu estaciono na primeira vaga na rua que aparece. Meu vizinho tem uma garagem que ele usa pras quinquilharias dele e estaciona o BMW ( velho ) na rua, ele não tem vaga de garagem descoberta como eu tenho. Modiquê ele acha que a vaga pública em frente a casa dele ( em frente a minha também, só que cruzando nossa ruela ) é particular dele, só dele, e que qualquer um que olhar pra vaga é asociaal ( enorme xingamento prum holandês ). Ele veio encrencar comigo duas vezes, na segunda falei que ía pra polícia ( blefe, claro ). Sábado saímos com o carro do Bart porque estava a um mês dentro da nossa garagem ( e o meu estacionado na vaga descoberta ), logo, tive que tirar meu carro do lugar ( nossas 3 vagas são uma atrás da outra ) e estacionei na rua, na vaga do carcará sanquinolento, e assim que chegasse com o marido, ía colocar meu carro de novo atrás do dele nas nossas vagas. Chegamos, entrei com os pacotes, o marido é encurralado pelo retardado do vizinho reclamando novamente – vejam que eu fiquei fora do país por um mês, meu carro estacionado bonitinho na minha garagem – que eu SEMPRE roubo o lugar DELE, que somos asociaal. Corno maledeto, pinto caído do caramba. O Bart, que tem 99% menos paciência do que eu, falou pro cara que asociaal é ele, que chegou a estacionar o carro dele na NOSSA garagem, e que se ele está incomodado, pra chamar a polícia. Até quando, até quaaaaando terei que aguentar essa oferenda que Iemanjá devolveu? A casa dele está a venda a exatos 2 anos.

E a segunda coisa, que não tem nada a ver. O ser humano quer sempre, seeeempre o que não pode ou o que é difícil ter, né?

A gringaiada toda lá na Tailândia fritando ao sol, e os tailandeses, e asiáticos de uma forma geral, usando crème branqueador! WTF? Marido empacotou o tubo de protetor errado, modiquê tivemos que comprar um por lá, queríamos o fps 50. Feliz da vida achamos o Nivea, a marca favorita do marido, mas TODOS com branqueador! Desnecessário dizer que se o marido ficar mais branco fica transparente, né? Tivemos que pegar um táxi, ir até um TESCO ( sim, tem moooito Tesco na Tailândia )e comprar um Nivea sem branqueador. Ficamos abobalhados em ver protetor solar fator 135! Os hidratantes corporais TODOS com branqueador, tive que comprar um Johnsons Baby.

A única coisa que aparentemente todo mundo quer, é ser magro. Pra nossa sorte, inventaram dietas pra agradar todo mundo, low carb, low calories, low fat, reeducação alimentar ( low calories disfarçada ) e sempre que se comenta qualquer uma, tem gente jurando a eficácia dela e um igual número de pessoas que esconjuram. Queria eu ter a paz de espírito para adotar a dieta não dieta da Paca, que não vai lead her to bingeing, e ela vai ficar magra comendo M&M. Paca, traduzimos bingeing como?

Eu, colegas, fico aqui, mal de vizinho, bronzeada ( por uns 25 dias mais, depois desbotada ), e seguindo a dieta numero 39.

Alles komt goed, schatje.

terça-feira, janeiro 8

Adotar ou comprar?

No meu facebook tenho vários amigos engajados em causas de proteção aos animais. Todas as manhãs me deparo com fotos tristes de animais abandonados, emaciados, machucados. Acho fantástico pessoas usarem o facebook pra ajudar esses animais.

Nesses grupos, a campanha pela adoção, e não compra, de um animal é bem forte, e tem que ser – a população de animais para adoção parece ser imensa!

Outro tópico que aparece frequentemente é o de criadores de animais de raça que mal tratam suas matrizes, especialmente depois que eles passam do período reprodutivo.

Recentemente eu comprei uma gatinha. Sim, comprei. Acreditem, até aqui na Holanda – onde tudo é muito diferente – recebi dois e-mails de brasileiros criticando a compra de um animal de raça.

Deixa eu falar um pouquinho da situação dos animaizinhos aqui na Holanda, porque eu acredito profundamente que embora não seja um sistema perfeito, é um exemplo pro Brasil.

Quando o Ty morreu, eu já imaginei que acabaríamos adotando um outro gatinho pra fazer companhia ao Plato. Naquele momento eu já pesquisei as possibilidades de adotar um animalzinho. Aqui na Holanda, os canais para se adotar são:

-       Um amigo / conhecido que tenha filhotes ou algum gato adulto

-       A internet, principalmente o site do marktplaats ( o e-bay holandês ), onde as pessoas doam ou vendem animais ( as vezes a pessoa cobra um valor simbólico, tipo 20 ou 30 euros, só pra garantir que ninguém pegue um gatinho de graça pra fazer alguma maldade

-       O asilo da cidade

A maioria dos holandeses, se querem simplesmente adotar um gatinho, vão pro asilo da cidade. É natural para o holandês adotar. Esse foi meu primeiro passo.

Fiquei supresa com duas coisas, primeiro é que eu esperava muito mais gatos pra adoção, eles tinham ao redor de 40 filhotinhos disponíveis. A segunda surpresa é que os filhotinhos não ficam ali no asilo, ele ficam em casa de “pais temporários”, sendo socializados. Imagino que os que não sejam adotados, acabam ficando com essa família, porque a população de gatos adultos no asilo é bem pequena ( vi uns 20 gatos talvez, a maioria abandonados porque tem um problema de saúde e o dono não pode financiar o tratamento ).

Por conselho do nosso veterinário, eu procurava uma fêmea, filhote, de personalidade calma. A personalidade calma era para mim essencial, visto que criamos o Plato indoor com acesso limitado ao jardim, e um filhote que vai ao jardim tem que ser “treinado” a não tentar fugir, e é muito, muito difícil treinar um gato fujão ( o Plato foi ultra fujão, acalmou lá pelos 4 anos ).

Outra surpresa no asilo: gatinhos ficam pouquíssimo tempo disponíveis, são adotados bem rápido ( morria de alegria a cada dia ao abrir o site e ver o sinal: eu tenho dono ). Eu me encantei com uma gatinha viralata branquinha que tinha perdido uma perninha traseira, ía ser perfeito porque ela não conseguiria ( ou seria mais difícil ) escalar a cerca do jardim. Ela ficou disponível no site por horas, quando liguei pra adotar ela já tinha sido adotada. Os outros gatinhos, nenhum tinha sido identificado com “personalidade calma”.

Decidi então procurar um gato de uma raça calma. Foi nesse dia que notamos o Plato mais magro, fomos ao vet e ele tinha perdido um quilo por causa da depressão. O veterinário me aconselhou outro Ragdoll ou um British Shorthair.

Optei pelo segundo e mergulhei na internet.

Agora vem a parte dos criadores. Acho bem injusto no Brasil generalizarem que todo criador maltrata as matrizes. Meu irmão tem um collie doado por um casal de amigos deles que cria collies, o Jack nasceu com a visão bem prejudicada, e como ele não era “vendável” foi doado pro meu irmão. As matrizes desse casal são ultra bem tratadas, como ela tem um petshop são ultra escovadinhos ( essencial num Collie ), bem alimentados, paparicados… E não acredito que sejam os únicos criadores no país que criem animais por serem absolutamente apaixonado por eles. O que falta é um orgão que fiscalize esses criadores.

Quando compramos o Plato e o Ty, eu escolhi um gatil com filhotes disponíveis, e como sempre por aqui, somos convidados a visitar o gatil e os filhotinhos. No gatil, visitamos as instalações das fêmeas ( elas ficam todas juntas ), dos machos ( todos separados ) e depois visitamos os filhotinhos. Essa criadora optava pelo método de trazer a gata prenhe para dentro da casa dela, a gata tinha os gatinhos e os filhotes ficavam ali na sala de estar com a família. Tem todo um equipamento especial, uma jaulinha com lâmpadas aquecedoras, o chão é todo de piso frio pra ser mais fácil de limpar, todo mundo andando de meia, mas enfim, nós checamos e criadora, ela também nos checou, e fechamos o acordo. Um contrato de duas páginas aliás. O ótimo dessa criadora é ter socializado os filhotes com a família dela, os meninos vieram sem ter medo de gente.

A segunda criadora foi mais ou menos o mesmo. Gostei dela menos que da anterior, mas era ainda aceitável. O que me incomodou é que ela deixava os filhotes com a mãe lá no gatil, não dentro de casa. Lila veio aterrorizada de gente, demorou 2 dias pra vir comigo no sofá. Hoje ela é um doce comigo e com o Bart, não sei como será com os outros ( acho que teremos visitas essa semana, aí eu conto ).

A experiência me mostrou que pedigree não garante que seu gato seja livre de doenças genéticas. Entretanto, pra poder expedir um pedigree, o criador tem que ser membro de uma das associações de criadores da Benelux, e essas associações fazem um trabalho ótimo de fiscalização das condições dos gatis, das matrizes, dos filhotes.

É tudo um mar de rosas? Longe disse. É muito conhecido o fato de muitos holandeses irem de férias e simplesmente abandonarem seus animais, principalmente cachorros. O canil da cidade até tem “abrigo temporário” pra esses cães, na esperança que a família volte para buscá-lo. Tem algumas “ONGs” de ajuda a gatos, sinal que nem sempre os asilos cumprem seu papel completamente, mas eu encontrei pouquíssimas pesquisando pela internet. Vira e mexe, ouve-se de gente que abandona ninhadas em lugares públicos, um perigo quando temperaturas podem atingir os negativos.

Achei fantástico a lei que aprovaram no Brasil de multa em caso de maus tratos de animais. Quem sabe logo criminalizam, como é nos EUA?

segunda-feira, janeiro 7

Pensamentos da primeira e chuvosa segunda-feira do ano

A Vigilantes diz que pode de tudo, desde que um tiquinho de cada coisa.

O Atkins diz que nada de carboidratos, mas até ovos com bacon pode.

A South beach diz que não é bem assim, deixe o bacon pra lá, há que se preocupar com as artérias entupidas.

O Dukan diz que não pode carbos, nem frutas, nem saladas, nem gordura. Proteínas magras apenas.

Os vegetarianos dizem que sou uma assassina cruel ao comer carne ( e eu concordo com eles! ).

Os veganos dizem que sou a Malvina Cruela por comer laticínios e ovos.

Então o que eu posso comer é… água. Ou luz, que nem aquela louca que dizia que se alimentava de luz.

Sem falar que muito sal mata.

Muito açúcar mata.

Adoçante mata, principalmente se for incluido naquele líquido preto refrescante.

O líquido preto refrescante mata mais que tudo isso junto, ruim com açúcar, pior com adoçante. Morte na certa. Caveirinhas no rótulo.

Hoje li que tenho que me manifestar contra a plofkip, galinha explosiva? Não, galinha alimentada com hormônios mil pra atingir tamanho de abate em 20 dias. Causa justíssima, mas já parti pras aves orgânicas há 2 anos, adivinhem porque? Porque além de eu ser a Malvina Cruela, a carne normal ía me matar.

Sei lá que costureiro famoso chamou a Adele de gorda. Vários países estão proibindo de desfilar modelos que são muito magras. Uma amiga disse que a Jesse J tava gorda na abertura das Olimpíadas, ela usa tamanho 4. Os médicos dizem que a Gisele é subnutrida, mas ela é… a Gisele, ué!

Hoje é segunda feira, a primeira do ano, estou comendo carne ( assassina! ), laticínios e ovos ( Malvina Cruela ), estou seguindo o Dukan – a dieta mais restritiva de todas, estou do tamanho da Adele – antes do regimão do Oscar ( o costureiro ía fazer sinal da cruz ao me ver ), sonhando com o corpo da Gisele, comi galinha cuja procedência eu desconheço – mas torço pra não ser a galinha explosiva, e até agora já mandei meio litro do diet pretinho assassino goela abaixo, afinal, como – coooooomo sobreviver sem Coca Zero quando eu não posso comer nada e sou uma gorda sofredora?

Eu sei que diet leads to bingeing, né Paca, mas desistir jamais. Antes gorda ioiô, que conta com alguns raros dias de razoável magreza, do que a gorda perene ( termo cunhado pela Dr. Alice, amo o termo! ). Tá tá tá, sei que bom mesmo é ser normal e saudável, mas né…

E comecemos o ano cheios de esperança de dias melhores, porque já é difícil assim, imagine já começando com a moral lá pra baixo.

quinta-feira, janeiro 3

E como foi a Tailândia?

Estamos de volta. E como foi a Tailândia?

Várias pessoas aqui no trabalho foram pra Tailândia pra fazer um roteiro cultural pelo norte do país. Meu interesse em ver a "ponte sobre o Rio Kuait" era zero, e embora os templos ao norte pareçam ser lindos, os de Bangkok já nos satisfariam numa primeira viagem. Fiquei mesmo só na vontade dos campos de arroz, que se vêem só pro norte. Então resolvemos visitar duas localidades litorâneas, além de Bangkok.

Voamos com uma empresa Taiwanesa chamada EVA. Os preços são bem mais baixos que os da KLM e dava pra bancar Business Class ( Premium Laurel ), então fomos de Premium Laurel na ida, já que era um vôo noturno, e Elite Class na volta, era um vôo diurno. A Premium Laurel era tão maravilhosa que nos arrependemos de não ter reservado ida e volta. Economizamos 300 euros por pessoa voltando de Elite na volta, mas que delícia foi a Premium Laurel. A volta de Elite foi também muito boa, recomendo quem for voar de EVA e quer um pouco mais de conforto, que banque a Elite, já é bem, bem, bem boa. A sacada da Premium no vôo noturno é que íamos direto pro próximo destino chegando em Bangkok, então fez toda a diferença termos dormido a noite toda nas poltronas que viram camas.

A primeira localidade foi Koh Samui, uma ilha. Escolhemos um hotel chamado Sala Samui, ele era estilo bem tailandês e os quartos com piscina privativa tinham um preço interessante. Na Tailândia inteira não há um só hotel all-inclusive, por isso era importante que o hotel ficasse próximo de restaurantes, pois não queríamos ter que depender de hotéis e seus preços altos para todas as refeições, e o Sala Samui ficava. Além de restaurantes ao redor, tinha também vários 7/11 onde comprávamos água, refris e snacks. Aliás, uma orgia, comprávamos vários refrigerantes, salgadinhos, bolachinhas, tudo tailandês – produtos importados são caros – e na hora de pagar, 3 euros. Durante o dia, andávamos pela praia e a 100mt tinha vários restaurantes de praia, com 8 ou 10 euros ambos comíamos bem e tomávamos cerveja, nos dias que tomamos refri ficou até mais barato. De noite andávamos pela ruazinha do vilarejo e um jantar com appetizer, prato principal, bebida, ficava uns 10 ou 12 euros. Um pad-thai custava em média 2 euros, esse era nosso critério de comparação entre os restaurantes.

Nós gostamos muito do hotel. O quarto em si era bem pequeno, e o banheiro era "a céu aberto", no meio de um jardim, o que quer dizer – sem ar-condicionado, e como fez mais de 30 graus todos os dias, o ar-condicionado fez falta, mas o banheiro era lindo e enorme, mas o principal: tinhamos um "quintal" com varanda, deck com espreguiçadeiras e nossa piscina particular, completamente privativa. O café da manhã, incluído, foi o melhor que já tivemos nesses 10 anos de viagens. Começava com um cardápio a-la-carte fenomenal, ainda sonho com os Eggs Benedict que comi todos os dias; e era complementado com um buffet de muito alto padrão. Como eu mandei um e-mail antes informando que era nosso aniversário de casamento, ganhamos uma massagem para dois e um jantar típico para dois, tanto a massagem quanto o jantar foram ótimos. A praia em frente ao hotel não era magnífica, andando uns 3 minutos tinha um trecho de praia melhor, e foi o que fizemos todos os dias.

Em geral, não fiquei muito bem impressionada com Koh Samui. Tudo me lembrou demais a Praia Grande nos anos 70, até a vegetação é típica da Mata Atlântica Paulista! A praia era cheia desses restaurantes que alugam cadeiras de praia, o que pode funcionar na Itália, mas na Tailândia dá um ar meio decadente. Ambulantes vários passando vendendo comida, biquinis, sorvetes, até milho! O vilarejo em si, calçadas intransitáveis de tantos buracos e sacos de lixo esperando coletas e cachorros de rua por todos os lados, quem gosta de animais volta com o coração partido. Contratamos um tour particular no hotel para visitarmos o resto da ilha. Quanto à praias, a impressão foi a mesma em todas: lotadas; quanto ao resto da ilha, achamos os templos simples mas bem cuidados e interessantes, Chaweng, o trecho mais famos, achamos um misto de 25 de março com o Piscinão de Ramos. O que gostamos foi de passear pelo Fishermen Village, pena que perdemos o mercado noturno de sexta-feira, mas chovia cântaros.

Voltaria a Koh Samui? Não.

Aliás, uma experiência a se contar. Nosso ticket business class da EVA foi comprado pela agência de turismo ARKE ( dá pra comprar online, mas pra ir com uma classe e voltar em outra, só via agente de turismo ), nossa passagem pra Koh Samui via Bangkok Air foi comprado também via Arke, então nos registraram até Koh Samui como uma passagem só, não tivemos que pegar as malas em Bangkok e pudemos utilizar o VIP lounge do aeroporto BKK. O aeroporto de BKK é muito bom, e quem não tem VIP lounge pode sentar em qualquer outro restaurantezinho e esperar seu vôo, mas a experiência adquirida é que vôos na Tailândia estão sempre atrasados, logo, esperar no lounge tomando suquinho e comendo coisinha indecifráveis foi bem legal. Em Koh Samui, indo pra Krabi, não tínhamos business class, porque eu sou uma anta e quis economizar 15 euros por pessoa, e embora não haja assento business per se em Koh Samui, o aeroporto é inteirinho sem ar-condicionado, a única sala com ar-condicionado adivinha qual é? A VIP lounge, claro. E considerando que estava 34C, nos arrependemos até da pequena economia. De Krabi pra Bangkok voamos de AirAsia, uma low cost. Sem grandes problemas, avião novo, só que é RyanAir, não te dão nem um copo d'água – na Bangkok air você sempre ganha um suquinho, um lanchinho, até sobremesinha eles servem.

Chegando em Krabi, um aeroporto legal e com ar-condicionado, tratamos de pegar um taxi pro Hotel Sheraton.

Dica: a cada 100 mt na Tailândia você acha uma ATM, e embora sempre te cobrem 150 BAHTS de taxa, a operação toda é bem simples. E chegando em qualquer aeroporto ( visitamos 4 diferentes ), tem sempre um balcão pra você contratar um táxi pré-pago, o preço é sempre a metade do que a "limusine" ( limusine é como os hotéis chamam seus carros próprios para fazer transfer ) do hotel custa, e como você pré-pagou, não dá chabu.

Escolhi o Sheraton porque os comentários sobre a praia no Tripadvisor eram os melhores, e novamente porque tinha alguns restaurantes por perto. Estiquei um pouquinho o budget e paguei por um quarto "club", que além de ser renovado, era mais perto da praia, tinha direito ao club lounge com soft drinks o dia inteiro e happy-hour com bebidas alcoólicas e hors d'euvres, internet no club lounge, e um benefício curioso que usamos todos os dias: duas peças de lavanderia cortesia do hotel por dia.

Antigamente o Sheraton era nome de excelência, mas ó, tá virando povão, a qualidade tá caindo bem. O quarto era confortável, a cama maravilhosa, tudo super limpo, mas tinha um box de chuveiro que vazava cachoeiras a cada banho, não havia tapetinho que resolvesse. Eles não conseguiram resolver o problema, nos ofereceram mudar de quarto, mas já estávamos desempacotados, só pedimos para colocarem tapetinhos extras todos os dias, mas claro que quase nunca deixavam. Todos os dias a água quente acabava ( sério Sheraton? ), todos os dias faltavam toalhas, e a arrumadeira vinha em prestações, hora trazendo as de rosto, hora as de banho, sem falar que as toalhas eram sempre desfiadinhas e meio puídas. Entre a piscina e a praia tinha um gramadão delicioso, com árvores super frondosas, era alí que buscávamos nossa sombra e água fresca todos os dias, mas as espreguiçadeiras eram velhas e com manutenção muito aquém do que se espera de um Sheraton, e o que me incomodou mais, quem aqui conhece as praias do litoral paulista conhecem aquelas árvores de folhas largas que tem uns "coquinhos", que não são comestíveis, mas que os pássaros adoram, então quando os coquinhos caem, bicados ou não, são tomados por formigas – é necessário catar os coquinhos todos os dias pra prevenir infestação de formigas, e nos nossos 10 dias no Sheraton, não vimos um catador, e os coquinhos ficavam ali, enchiam de formigas, que subiam nas espreguiçaderias, e era uma droga… no Sheraton Standard on my book! O café da manhã do Sheraton era em apenas um restaurante do hotel, e as 9 horas, tinha filona de espera – num hotel 5 estrelas, com vários outros restaurantes vazios pela manhã, isso é inaceitável. A salvação da pátria era que o club lounge também servia café da manhã, e embora um pouco menos completo, nos salvou.

Contratamos uma excursão no hotel, para a Ilha de Koh Phi Phi, a tal ilha do filme A praia com o Leonardo di Caprio. Alguns hotéis, como o Sofitel, tem lancha própria e fazem um passeio com menos pessoas, mas o tour do Sheraton é terceirizado e feito num barco para 40 pessoas, que segue um roteiro com outros 14 barcos. O resultado é que em cada parada – e as paradas são feitas em lugares lindíssimos – tem outras 500 pessoas pululando o lugar, gritando, sujando, estragando o paraíso. A ilha de Koh Phi Phi em si deu vontade de chorar, dum lado uma prainha razoável, onde o almoço incluído foi servido, e do outro lado um favelão indescritível: barcos de pesca, de transporte, lixo pra todos os lados, trombadinhas, uma gentarada do escambau.

Reservamos outras duas excursões, mas choveu pacas e tivemos que cancelar.

Passamos o Natal no Sheraton e embora o jantar especial de Natal tenha sido caro, foi delicioso, valeu a pena!

De Krabi fomos para Bangkok, lá escolhi o Marriott Sukhumvit Serviced Apartments. Escolhi esse hotel porque o preço estava bom ( €110 via Booking.com pelo apartamento com 1 quarto, café da manhã, internet e um jantar ) e eu queria um apartamento espaçoso, sabia que depois de tanto tempo em quartos de hotéis apreciaríamos o espaço, a cozinha, a lavanderia do apartamento, e eu não me enganei. O apartamento era ótimo, espaçoso, novo, bem cuidado, luxuoso, com uma vista super legal, bem localizado. Ficávamos a uns 500 mts do Shopping Emporium e a estação do SkyTrain, e pra completar, o hotel oferecia Tuk-tuk gratis até a estação ( acredite, no calor de 35 graus, andar no meio dos carros é a última coisa que você vai querer ). Uma manhã muito quente usamos a piscina do hotel e foi ótimo, super limpa, cadeiras confortáveis, vieram trazer frutinha pra gente… Recomendo muito esse hotel!

Começamos nosso tour indo pro Shopping Siam, eu queria checar os tais super-cinemas. O Shopping é muito legal, cheio de lojas fantásticas e não para o meu bolso, entramos até na loja da Maseratti. Checamos os cinemas e escolhemos o filme pro dia seguinte. Jantamos comida japonesa, comi Krispy Kream, voltamos pro hotel contentes. No dia seguinte eu queria ter feito um tour dos templos  com a Tour with Tong, mas eu mandei vários e-mails e nunca me responderam. Logo, tomamos nosso skytrain e lá fomos nós. Odiei a viagem de barco lotado até o Grand Palace, lá chegando pegamos um tuktuk pra evitar a caminhada de 20 minutos embaixo daquele solzão, eu já tinha avisado o Bart que tínhamos que ir de calça e camiseta, assim não tivemos que alugar roupas no local, alugamos um daqueles audio tour e lá fomos nós. O complexo é grande e magnífico, era pra termos feito em 2 hrs segundo a previsão do audio tour, levamos quase 4, mas estava muito, muito, muito calor. Íamos ainda visitar um outro templo, mas estávamos cansados demais. Na volta, pegamos um Tuktuk e caímos na primeira ( e acho que única ) sacanagem Thai: pedimos pro cara nos levar ao Pier, mas não lembrávamos o nome; ele então nos levou a um pier particular provavelmente de algum amiguxo dele onde vendiam tours particulares, e o trajeto que na Ferry pública custava 20 centavos ( 15 bahts ) queriam cobrar 1200 bahts. Recusamos, a mulher ficou lá insistindo, mas andamos de volta pro pier correto. Por um lado foi uma merda por causa do calor, por outra foi legal porque fomos caminhando entre lojinhas de ervas e tranquilharias Thai, almoçamos num restaurantezinho trendy legalzinho, tiramos fotos de bancas de peixes secos nojentinhas, tomamos suco de carambola, aproveitamos o "detour".

No nosso último dia, amanhecemos pra uma temperatura de 37 graus. Tínhamos feito uma reserva pra uma massagem no spa em frente ao hotel. Fizemos várias massagens ao longo dessa viagem, desde as baratinhas em quiosques de praia ( 250 bahts ) até a do hotel Sala ( de presente, mas originalmente 2600 bahts por pessoa ), essa de Bangkok foi a melhor custo-benefício, pagamos 350 bahts ( 9 euros ) por pessoa, o salão era muito bonito, ganhamos uma troca de roupas esterilizadas, tudo com ar-condicionado e a massagista era muito boa. Aproveitamos a piscina e fechamos o dia com restaurante e cinema. Fomos ao tal Siam Paragon Cineplex, na sala da Bangkok air, e uma só palavra: explêndido! O ingresso custa 700 bahts, você ganha a pipoca e refri de cortesia, uma massagem de 15 minutos, e assiste o filme em poltronas idênticas a da classe executiva de um Boeing 777, com cobertorzinho e travesseiro! O som e imagem ótimos, assistimos o novo filme do Cruise ( alguma coisa Reacher ). Adoramos, é um passeio obrigatório!

Voltarei à Tailândia? Não sei. Como vocês sabem, somos fãs de praias, e em matéria de praia, as do Caribe são mais bonitas. Mas a Tailândia tem uma mistura incomparável de atrações, tem praias, templos, cidades históricas, e Bangkok por si só merece mais que os 3 dias que eu dei a ela. É também um destino muito acessível financeiramente, imagine que os 21 dias de comida – incluindo um jantar de Natal que custou mais de 100 euros o casal, excursões, taxis e transporte em geral, algumas lembrancinhas, gorgetas, nos custou algo em torno de 700 euros ( já tínhamos pago os hoteis via agência de turismo, só o Marriott foi via booking.com ), um record pra gente, em maio só com 3 excursões na Jamaica gastamos os mesmos 700 Euros.

Aqueles que pensam em ir, aconselho o clássico roteiro pelo norte indo até Chian Mai, normalmente feito em 5 dias, uma parada por Krabi ( Phuket é pros festeiros, Koh Samui eu pularia ) ou alguma outra praia, e uns 4 dias em Bangkok. Muito cuidado com os espertinhos ( nada de alugar jetski, ou scooter, cuidado com taxistas, nas baladas nada de deixar drink em mesinhas e não aceitar pilulas loucas que te oferecerem ), muito muito muito repelente, e é só partir pro abraço, porque será um viagem interessante na certa!

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