quarta-feira, agosto 29

A grama do vizinho é bem verde

Pergunta aos caros leitores: é possível uma pessoa ser 100% feliz com seu trabalho?

Qual será o percentual da população que vai dormir feliz no domingo porque segunda é dia de labuta?

Julgo que o normal seja ser razoavelmente feliz no trabalho, com alguns percalços, mas e quando esses percalços te encomodam de verdade?

Ando muito incomodada com o excesso de trabalho e o Old Fart. Colocando na balança, tenho tantas comodidades nesse emprego ( do ladinho de casa, salário bom, colegas legais, diretor legal ) que elas compensam as duas pedras no meu sapato, mas tem certos dias em que essas duas pedras incomodam demais! Hoje foi um deles.

Trabalhei em pouquíssimas empresas, no Brasil foi só em uma, então vivo sonhando que talvez em outra empresa, todos os problemas desapareçam, que eu vá viver no Walhaha desses poucos que juram que vivem completamente felizes com seus empregos. Sonho que poderei trabalhar minhas 8 ou 9 horas diárias sem pressão por resultados dificílimos de alcançar, sem essa loucura de tudo está atrasado sempre, sem essa carga de trabalho sobre-humana.

Então termino esse post como comecei: tem emprego perfeito? Sou só eu que ando vendo a grama do vizinho muito mais verdinha que a minha?

segunda-feira, agosto 27

I (coraçãozinho com a mão) Xing-Ling

Planejar essa viagem a Tailândia, nossa primeira viagem de férias pra Asia, tem sido um prazer.

Pela mão de obra ser tão barata, e tudo mais ser tão barato por aquelas bandas, estou me sentindo a marajá.

Estou pagando tratamento VIP pra cruzar a imigração pulando a fila ( temos uma conexão apertada ) por módicos €12 por pessoa.

Limusine do hotel nos pegando no aeroporto custa €30.

No primeiro hotel teremos piscina privativa, custou menos que o Iberostar Bahia há 4 anos.

Ah, iremos de business class, empresa taiwanesa EVA, por €1700 ao invés dos €3500 da KLM pelo mesmo tipo de assento.

Um vôo interno custa €40, claro que como a Ryan Air, você paga qualquer adicional, mas com lugar marcado, bagagem de 30kg  e lanchinho/bebida inclusos pagaremos a fortuna de €60.

Massagem tailandesa no hotel custa muito caro, avisam os "resenheiros" do tripadvisor: €21 por uma hora, mas nos spazinhos ao lado do hotel, só €10.

Avisam também que a comida no hotel é muito cara comparando com o preço dos restaurantes ao redor: entrada, principal e bebida não alcóolica por €12. Quanto será fora do hotel?

O cinema 4D, que no Brasil custa R$78, lá custa €8. E o cinema  "normal" tem sala VIP com poltronas iguais a primeira classe de avião, com cobertinha, por €15 – pipocas e refrigerantes inclusos.

Passeios turísticos são baratos, aluguel de carro é razoavelmente barato, alguel de barco é razoavelmente barato, tudo isso pelos preços dos hotéis 5 estrelas que ficaremos, se formos procurar fora do hotel, o que é um pouco mais arriscado, é baratíssimo.

Pra fechar com chave de ouro a parte das reservas, reservei em Bangkok nos últimos dias um apartamento no Marriott, com 72m2, localização ótima, por €100, incluindo café da manhã e internet. Na hora de confirmar a reserva, ofereceram almoço ou jantar para duas pessoas, 3-course meal ( sem bebidas ) por €5 o casal! O restaurante fica dentro do hotel, é um bistro e tem ótimas resenhas.

Não vou me repetir e começar de novo com o mi mi mi de tudo é caro no Brasil. Por aqui mesmo, com Espanha e Grécia falidas, era de se esperar que as coisas barateassem um pouco pro turista, mas não, tá cada vez mais caro ir para um hotel bom nesses países. Estou esconjurada com os preços de um pacotinho de uma semana pra Kos ou pra Costa de la Luz, que em pleno outubro nem vão estar tão veranescas e movimentadas.

Tomara que eu goste das férias na Ásia, se for o caso, vou Xing-lingar total.

sexta-feira, agosto 24

Ziek Melding

Ziek Melding: ligar para dizer que está doente e não vai trabalhar.

Essa semana inteira eu tive dores de cabeça fortes, e mandei muito paracetamol goela a baixo. Ando evitando muito tomar Neosaldina, porque meu estoque anda baixo e porque a cafeína me deixa ligadona ( tomo paracetamol sem cafeína ). A semana inteira dando desculpas, é o low carbs, é a falta de açúcar, é o calor. Mas na verdade, o que rolava era estress absurdo no trabalho, muito entra e sai no departamento - um barulho infernal já que a gente tem open plan, e a secretária que deixa o rádio ligado 24/7, enfim...

Ontem vim pra casa e não conseguia jantar, de tanta dor. Cada fechada de mandíbula parecia que o cérebro ía explodir. Deitei, melhou um pouco, decidi comer franguinho, batata cozinha e brócoli, desceu bem mas a dor de cabeça continuou e foi ficando mais forte. Comi um doce, por certo era falta de açúcar e o desespero estava grande. Nada. Foi então que apelei para o último dos últimos dos últimos recursos: tomei um tandrilax.

O Tandrilax é um remédio brasileiro, relaxante muscular, que é tão forte que o Bart tomou uma vez e se desesperou, dizia que não sentia as pernas. Pois eu tomei o bicho e em 30 minutos estava quase livre da dor de cabeça, ficou aquele pequeno resquício.

Fui dormir cedo, dormi bem. Acordei, a bendita dor de novo latejando. Meu olho esquerdo estava até mais fechado que o direito, liguei pra empresa, só a secretária estava disponível, avisei que não iria trabalhar. Tomei 3 paracetamóis e fui de volta pra cama, dormi até 11 quando o senhor do departamento médico da empresa veio verificar se eu estava mesmo doente.

Agora estou acordada, razoavelmente sem dor ( ainda aquele pequeno resquício ) mas estou morrendo de arrependimento: devia ter tomado tandrilax de novo e devia ter ido trabalhar. Estou ultra preocupada com os problemas todos por lá, e estou até pensando em tomar um banho e ir-me. Sou uma anta, eu sei, e isso não é normal. Sentimento de culpa. Já fico imaginando todo mundo apontando o dedo pra mim e falando: olha lá, ela sabia que com um Tandrilax dava pra ter aguentado umas horas e mesmo assim ficou em casa; e meu chefe, que vou falar pra ele? Burra eu, eu sei que ninguém vai nem ligar...

Então, vou sair agora do computador, vou deitar no sofá de novo, ver uma TVzinha e olha lá.

Boa sexta

quinta-feira, agosto 23

Made in Brasil com s

Deixe eu contar do lado de cá, um lado que o brasileiro não vê.

Todo, TODO brasileiro reclama das altas cargas de impostos sobre produtos importados, como pode um tênis que custa US$50 nos EUA, custar R$400 no Brasil?

Deixe eu explicar porque é ótimo que haja tantos impostos de importação no Brasil.

Minha empresa quer vender caminhões no Brasil. Percebam que eu disse “vender” e não produzir.

Há vários anos a empresa pesquisa a possibilidade de simplesmente importar os veículos da Europa e vender no Brasil, mas sempre esbarraram em duas dificuldades.

A primeira: caminhões são considerados bens produtivos de uma empresa, assim como maquinário, e podem ser financiados pelo BNDES via o programa FINAME, que tem juros bastante atrativos. Tanto grandes frotistas quanto os pequenos empresários que tem 5, 4 caminhões, às vezes até aquele caminhoneiro que tem um só, utilizam esse programa de financiamento e esse é um ponto importante na hora de decidir pela marca A ou B. A minha empresa, poder colocar caminhões no mercado que possam ser financiados pelo FINAME tem que provar que 60% das peças são produzidas no Brasil. Muito justo isso, afinal, o governo brasileiro não vai ficar financiando produtos que dão empregos pros Chineses ( ou alemães ou holandeses ).

A minha empresa então decidiu que uma opção era financiar ela mesma os caminhões com as mesmas condições do FINAME, afinal nossa empresa tem contratos ótimos com bancos americanos e poderia bancar a conta do financiamento barato. Mas…

A segunda dificuldade: as taxas de importação para o produto acabado são tão altas, que o produto seria “invendável” no Brasil.

A solução? Abrir os cofres e construir uma fábrica no Brasil! E minha empresa, assim como tantas outras, estão criando literalmente milhares de empregos diretos e indiretos porque foram “forçados” a se instalar no Brasil.

Minha empresa escolheu o norte do Paraná, e já se vê a mudança que uma empresa dessa causa numa região que necessita de empregos: as escolas técnicas já estão trabalhando em parceira para treinar funcionários pras linhas de montagem, vários funcionários para os escritórios estão mudando de Curitiba e outras cidades para lá, movimentando também o mercado imobiliário, escolas pros filhos; transportadoras estão abrindo escritórios, empresas especializadas em empacotamento e estocagem, etc e tal…

E nos fornecedores, os que já estão instalados no Brasil estão contratando gente extra, e os que estavam pensando em se instalar no Brasil, receberam o empurrão necessário.

Então na próxima vez que você meu colega brasileiro pensar em reclamar sobre o preço do produto importado, pense duas vezes. Pode ser que uma dessas leis protecionistas de mercado esteja nesse momento sustentando seu emprego!

quarta-feira, agosto 22

Será que os brasileiros tem mais tendência a ser sem noção?

Li no Estadão segunda feira uma matéria interessantíssima sobre o consumo de "marcas" no Brasil. O escritor do tal artigo o fez movido por um comentário interessante de um economista americano que dizia: só mesmo no Brasil carros como Toyota Hilux, Honda Civic são considerados produtos de prestígio. Achei interessantíssimo e muito próprio o comentário, porque aqui na Holanda Toyotas e Hondas são considerados carro bons, mas nada de especial, e nos EUA são carros bem normalzinhos, diria que o Civic é até breguinha pro gosto deles. A gente vê isso nas ofertas de carros pra alugar, esses carros são sempre os mais jabás da classe.

Esse professor teorizou muito bem sobre o "consumo de posicionamento" do Brasileiro, que consume produtos caros porque espera ser reconhecido por possuir algo que a maioria não pode ter, e ser tratado de forma especial. Ele dá um exemplo: o cara compra um BMW e vai a uma festa e se sente especial com ele, todos olham, as mulheres apreciam e para ele o valor do produto está nesse reconhecimento e não no fato de ser em si um produto de qualidade; mas se amanhã todos tiverem acesso à mesma BMW, ele não terá mais satisfação no produto – não é mais item que o posiciona acima dos outros. Achei interessantíssimo o conceito, porque cansamos de ouvir no Brasil que produto X é comercializado a um alto preço para não "banalizar", ou que não se compra mais produto da marca Y porque agora todo mundo tem.

Quando eu morava no Brasil eu era ultra influenciada por coisas de marca, vivia num meio onde todo mundo vivia de Zoomps, Forums, Arezzos, engraçado que essas mesmas pessoas hoje evoluíram bastante ( NOT! ): agora compram Tommy Hilfiger, bolsas Prada e LV, até funcionária assalariada de Loubotin já vi ( ah, as agruras do Facebook ). Trabalho hoje aqui na Holanda numa empresa semelhante, com gente da mesma classe social dos colegas no Brasil, e aqui NINGUÉM desfila marca. Alívio, até mesmo porque eu não entro nas roupinhas de marca, mas sapatos, bolsas, jóias, estão todos aí pra gordaiada esbanjar elegância e estourar a conta.

No mesmo dia que eu li esse artigo, vi no facebook num dos grupos de brasileiros vivem por essas bandas, uma pessoa reclamando que mandou um pacote pro Brasil e a polícia federal teve a "audácia" de mandar uma cartinha pra mãe dela cobrando R$600 reais pra liberar o pacote. Aí todo mundo cai matando na polícia federal, até um lá ter o bom senso de perguntar o que tinha no pacote: "ah, isso, aquilo, aquilo mais e 9 (N.O.V.E.) vidros de perfumes, mas era óbvio que era tudo presente, estavam embrulhados em papel de presente e tudo (!!!!!)". Aí eu vos pergunto: será que é só o Brasileiro que consegue ser tão sem noção assim? Pode-se mandar com a classificação "presente" objetos cujo valor somado não passe de US$50. Eu sempre mando presentes, sempre acima desse valor mas não muito, nada muito na cara, declaro só os €45 ( US$50 ), sei que se perderem o pacote não receberei mais que isso do seguro, nunca tive problemas. Agora neguinho vai mandar um carregamento de perfumes importados, declarado, e xinga quando a polícia federal manda a conta? Afe-maria viu. E PRECISA mandar NOVE perfumes pro Brasil?

Putz, mudei de assunto, mas deixa tcheu contar de outro: a mulher lá na mesma página do facebook perguntando como fazer pra trazer 3 enxadas sem cabo na mala. Sério gente, enxada sem cabo! Agora me diga, pra que uma pessoa traz enxadas pra Holanda? 3 enxadas, não só uma? E todo mundo lá respondendo pra mulé, no maior tom politicamente correto, que provavelmente na mala de mão não ía poder, e bladibla, ninguém falou pra mulher: fia, se é pra uso pessoal, esquece e compra aqui, se é pra uso profissional ( copiar, usar de amostra, fazer teste técnico do material da tal enxada ) – larga de ser besta e embarca isso via DHL ou qualquer outra empresa de transporte.

Mas então. Sempre que os brasileiros vem pra cá, vem acesos pra muambar um pouco. Já contei que um colega da divisão brasileira foi a um treinamento na sede da empresa nos EUA, trouxe mil bolsas e roupas e estava vendendo pelo facebook, né? Mas então, a última "leva" foi comigo à Bijenkorff, um queria camisas Hugo Boss. Elas não estavam em oferta, mas as camisas da própria Bijenkorff estavam, são de ótima qualidade, lindas, meus colegas de escritório já tinham comprado váááárias pra estocar ( aqui chamam de "dar uma de hamster " ), mas o brasileiro não quis saber, comprou a Hugo Boss por €130 rindo, disse que era a metade do que custaria no Brasil. Agora me diga, o cara é um assalariado de empresa automotiva, tem nexo usar uma camisa que no Brasil, pelo que ele disse, beira os R$500?

Pfff… vai entender. Aliás, tô ficando repetitiva.

Mas vejam, ou falo disso, ou falo do Old Fart, que continua aprontando Old Fartices. Tem também a opção de não falar nada, claro.

Preciso aprender a fazer post menores.

segunda-feira, agosto 20

Asas a cobras

A decisão de não ter filhos foi difícil de ser tomada, e ainda me pergunto: será que mais tarde vou me arrepender? Os dois principais motivos foram a minha falta de vontade de ser mãe, e o fato de eu não ter família por perto pra ajudar numa eventualidade. Um outro aspecto bem forte na decisão é que, querendo ou não, eu dou imensa importância a minha carreira e essa carreira envolve viagens a trabalho.

Não vou discutir aqui se uma eventual ausência materna frequente é impactante na educação de uma criança ou não, eu só sei que EU iria me acabar de depressão de ter que deixar o pimpolho em casa e ir sei lá pra onde – não importa se o pai fosse o melhor pai do mundo, se a avó estivesse em casa ajudando a cuidar, não importa nada: eu ía me acabar de depressão. Sei disso porque acompanhei o sofrimento do meu irmão, e mesmo sabendo que tinha a família toda para apoiar na época, ele acabou escolhendo por desacelerar a carreira, parar com as viagens.

Dito isso, eu, que decidi não ter filhos, tenho a vida dos sonhos de quem os tem.

Trabalho a 2 km de casa, nunca pego trânsito, o trajeto inteiro não tem um semáforo sequer. Meu bairro, que é novo, conta com uma creche da melhor rede da região, que é novinha em folha e foi dimensionada para atender a demanda de um bairro com 900 casas – por conta da crise estacionou nas 120 – ou seja, tem vaga sobrando. No trabalho, por conta de um projeto mal planejado e constantes pedidos de demissões ( ou seja, tem sempre um buraco no grupo pra cobrir ), todo mundo está “grounded” por mais de um ano e vai assim até 2014, ou seja, raramente viajo. Se eu conseguisse dizer não pra certos projetos adicionais, conseguiria sair antes das 6 todos os dias, em 7 minutos estaria na creche pegando o rebento. Ganho bem, meu marido ganha bem, minha casa tem espaço. Poderíamos viajar todos os anos para o Brasil pro bebê conviver com a família e ser fluente no português.

Asas a cobras.

Expliquei tudo isso pro meu diretor, argumentando porque eu queria um “international assignment”: boss, eu me preparei pra ser uma mulher de carreira e estou vivendo como uma semi-dona de casa – detalhe – sem o filho!

Me passa demais pela cabeça em mudar de emprego, o estress aqui está a níveis alarmantes, por coisa pequena. Nosso diretorzão member of the board está entrando em pânico com tanta coisa fugindo do controle dele, e ao invés de delegar, criar níveis de autoridade, ele acaba fazendo o contrário, quer ver tudo, analisar todo, é um inferno. Eu vivo com medo, aterrorizada, pois o cargo que antes era middle-management, virou um micro-management: ele espera que eu saiba cada detalhe, cada cent, cada porém de cada peça de cada fornecedor de cada membro do meu time. Não só esse é um objetivo inalcançável, mas o volume gigantesco de coisas que eu tenho que controlar criam 30 vezes mais oportunidades para erro. E pra piorar, comecei a sentir falta das viagens a trabalho, de ver fábricas em países diferentes, de ver como se trabalha em outros países.

Mas sabem o que sempre acaba pesando contra a procura do novo emprego? Não riam, mas são exatamento os motivos acima: trabalho a 2 km de casa, ganho bem, e posso adicionar que gosto dos meus colegas, gosto do meu chefe direto. Sem falar que tenho 40 dias úteis de férias por ano, e embora seja mais e mais difícil tirá-los ( esse ano estou indo só 3 semanas de férias em dezembro ), estão lá, previstos no meu contrato.

Dizem que Deus não dá asas a cobras, no meu caso deu. E é bom ser uma cobra com asas, o ruim é só não saber pra onde voar.

Blé, que analogia piegas.

segunda-feira, agosto 13

Não, não é normal. Ponto.

A Liliane deixou um comentário sobre o post anterior, dizendo que achou minha opinião sobre "hook suspension" uma visão preconceituosa de quem curte BDSM. Normalmente, quando alguém deixa no comentário uma critica construtiva, eu penso bastante sobre o assunto, examino o ponto de vista de quem leu meu texto, e muita, mas muitas vezes mesmo, minha opinião se não é mudada, pelo menos acaba influenciada pelo ponto de vista daquele leitor.

Nesse caso foi o primeiro que eu não precisei pensar um segundo. E com todo o respeito, Liliane, seu comentário prova um pouco minha teoria, de que hoje queremos ser tão politicamente corretos, modernos e pra frentex, que acabamos sim perdendo noção do que é normal ou não.

Não me atrai nem incomoda essa modinha BDSM toda. 50, 100 ou 150 shades of grey pouco me importam. E também não acho anormal. Sabe o que eu acho absolutamente fora do normal? Isso aqui ó:

( por favor, não abram o link se vocês se impressionarem com imagens fortes - tô me sentindo o Silvio Santos agora )

Hook Suspension 178

Hook Suspension Gallery

Então, se minha sobrinha vier me pedir minha opinião, vou dizer que não entendo, não acho normal, acho perigoso - inflamação, infecção, contaminação se várias pessoas usarem os mesmos hooks sem limpá-los, as cicatrizes... E que na minha opinião essas pessoas precisam de tratamento psiquiátrico.

Adoraria saber o que os demais leitores pensam sobre o assunto.

quarta-feira, agosto 8

Ninguém é de ninguém - que babaquice!

Só vou dizer uma coisa, tem gente que quer ser tão moderninha, tão pra frentex, que acaba perdendo o senso do que é certo e errado, do que é normal ou não.

Hoje em dia, ninguém precisa namorar-noivar-casar, pode ficar, sair, transar, tudo sem o menor compromisso, logo, se a pessoa – de comum acordo com o parceiro – resolve namorar, ter um relacionamento, ser exclusivo, trair o outro é errado, é feio. Chateia, machuca.

Será que é moderno deixar de lado o “o que não queres para ti, não o faças aos demais”?

Há alguns anos uma blogueira postou uma foto chocante de uma moça com mas argolas enfiadas pelo corpo todo e por elas penduradas por correntes, esse era, segundo a blogueira, o fetiche da moça e ela achava que não estava no direito de dizer a filha que aquilo é anormal ou de julgar quem o faz. Caramba, será que estamos loucos? Você não pode falar pra sua filha, a quem você tem que educar, que aquilo não é o normal, que sentir prazer na dor extrema não é normal, mas que tem gente que é assim e pronto?

Vejo a luta inglória que é hoje em dia dar certos limites pros filhos adolecentes, afinal, tudo pode, tudo é normal, tudo começa tão cedo… Se minha sobrinha pudesse, a vida seria baladas, festas, roupas, os amigos, meu irmão é que tem que ficar segurando, selecionando que tipo de “balada” é aceitável pra uma menina de 13 anos, que amigos são “gente de família”, mas pra que – se tudo é normal, se tudo pode, se tudo vale? Eu usei pra ela outro dia o exemplo da tal traição do casalzinho Twilight – claro que aos 13 anos ela é fã do ex-casalzinho twilight – meu conselho foi simples: não importa se o cara é legal, é lindo, é maravilhoso, não importa qualquer promessa ou conversa mole que o cara jogar pra cima de você, é casado? Diga não obrigada. Ah, mas o cafajeste é ele Você também é, se aceitar se relacionar com um homem casado, veja só a dor que causou não só à mulher do cara, mas aos filhos… Mas enquanto eu estou dizendo isso de um lado, a matéria na internet tem 100 comentários “ninguém é de ninguém, se ela foi procurar fora de casa, é porque o namorado não estava cumprindo o papel dele”. WTF people?

Pergunto: temos bom senso o suficiente pra distinguir o que é normal e o que não é normal? Como ensinar as novas gerações que o certo e o errado existem sim , e que um ser humano tem que ter princípios?  Como mostrar que o nucleo familiar está mudando – graças a deus – mas que respeito pelos sentimentos alheios não deve não pode! – ser opcional ou facultativo?

sexta-feira, agosto 3

My two cents

Essa semana a capa da maioria das revistas de fofocas aqui fora e até no Brasil ( a eterna Contigo! ) trazia o casal queridinho de Hollywood, Rob Pattinson e Kristen Stewart, no que está sendo chamado “the twilight scandal”.

My two cents. Não, não é um fato importante e nem nada que vai mudar a vida de ninguém, mas… that the fuck?

Deixa eu explicar meu estranhamento. Fui noiva por 4 anos, aos 3 anos de namoro, o dito cujo, num domingo a noite, me disse: saí com outra na sexta. Me desculpe, te amo, te adoro, me perdoe.

No caso do casalzinho de Hollywood foi a mesma coisa: ela disse, publicamente, que o ama, o ama muito, e pediu perdão. E no meu caso, como no do casalzinho, eu pergunto: ama? Como pode alguém que ama ter vontade de beijar, abraçar, transar com outro?

Quando aconteceu comigo, a primeira coisa que vem na cabeça é: a outra é mais bonita, é mais inteligente, é mais legal? O que ela é mais que eu? O que ela tem que eu não tenho? Essas perguntas, no meu caso, nunca foram respondidas, ou melhor, foram respondidas com vários nãos, a única explicação foi: você é minha noiva, eu tenho vários “compromissos” com você, essa menina foi uma noite sem compromisso, sem responsabilidade, tendo a liberdade de falar e fazer o que eu quisesse porque eu nunca mais ía ver mesmo. Eu nunca entendi, confesso. Era muito nova na época para entender, hoje – apesar de não pensar muito no caso – acho que foi simplesmente falha de carater, porque eu sempre pude falar, fazer o que eu quis com meus namorados – marido, a responsabilidade que tenho no relacionamento não me pesa, ao contrário, me faz dar mais valor ao que temos junto.

O caso dessa moça vai mais ou menos pelo mesmo caminho, suponho eu: ela diz que ama, ama o namorado traído, que é lindo ( pode não ser seu gosto pessoal, mas ele é muito bonito ), jovem, talentoso ( além de ator é músico ), procura ser discreto – não é um deslumbrado, agora que ganhou fábulas de dinheiro com o franchising Twilight ele só trabalha em filmes que ele gosta, mesmo que sejam produções pequenas, indie – sei lá, tenho a impressão que nesse mundinho o cara é um cara legal; então porque traiu?

No meu caso, o noivo disse: sei lá, é a aventura de algo novo. E eu perguntei: o “velho” ( o nosso relacionamento, no caso ) estava ruim? Não Adriana, não está ruim, mas não sei explicar… Será que esse foi o caso da moça?

No caso da moça, como no meu próprio caso, eu acho a traição não diz nada sobre o traído, diz apenas sobre o carater do traidor. Não sei se a pessoa que trai é capaz de se colocar no lugar do traído, também não sei se o que trai entende a dor de ser traído, a dor de confiar em alguém – no que quer que seja – e quando menos se espera, se o outro te puxar o tapete.

Não sei o que o Rob Pattinson vai fazer, e se ele fosse meu amigo e me pedisse um conselho, eu só diria: perdoe, esqueça, mas não volte a namorar a moça. Eu voltei. Conheço gente que voltou e viveu um vida inteira com a pessoa, sempre com aquela sombra espreitando, um vaso com uma rachadura colada. No meu caso, foi um ano doloroso, dificílimo, mas um ano que eu precisei para ver que eu merecia melhor. Mesmo assim, mesmo vendo que o negócio não ía dar certo, eu precisei de uma última gota – e adivinhem? – sim, ele traiu de novo, essa eu peguei no flagra; pra colocar um fim e partir pra outra.

Tenho dó do moço, ser traído já é terrível demais, ser traído em público deve ser insuportável. O pior é que os dois têm vários compromissos públicos juntos, já imaginaram? Se essa moça tivesse um pingo de dignidade, tomaria a iniciativa de quebrar os contratos e não aparecer nos compromissos agendados arcando com as consequências. A mídia, que está tendo um banquete com essa história toda, está esperando com garfo e faca na mão pela próxima aparisão dos dois, que deve ser num Music Award no mês que vem.

E esses meus caros, foram meus two cents.

Ah, só pra constar: o ex casou, divorciou, está feio medonho horrível indescritível assusta criancinhas, e sim, me deu certo contentamento ver que a vida dele não é das mais felizes. Não sou santa, senhor me perdoe, estou me esforçando…