sexta-feira, dezembro 10

Sorria, voce estah na Bahia

Dizem que o ser humano jamais se sente tao feliz em algum outro lugar que nao o lugar onde foi criado. Eh verdade, porque apesar de gostar muito da minha Eindhoven, tudo se encaixa, toda a preocupacao se alivia quando chego em Sao Paulo.

E nessa segunda passagem pela Bahia, eh aqui que me sinto deslumbrada, que olho pra todo lado e me sinto sem palavras pra descrever a beleza do lugar. Dirigindo pela linha verde, vendo os coqueiros a distancia, que lugar! O vilarejozinho de Praia do Forte me faz sentir em casa, quando cruzo o portal nao consigo interromper o sorrisao do rosto.

Estou num hotel rodeada de pobres e ricos, ou melhor, classe media. A cada vez me sinto mais um ET. A moca do bar, que deve ser parente proxima da Claudinha, me contava que vai mandar um CV pro hotel Iberostar porque aqui ganha 590 reais e lah ganharia 700, e que com a diferença poderia colocar portas na casa que estah construindo. De outro lado, a moça de classe media me conta que tem uma amiga que esta vivendo de fazer compras na Europa e revender no Brasil, e que ela traz camisas da Tommy pro filho dela por soh 80 reais. O filho dela tem 4 anos. Eu fiquei pensando, compre camisas de 30 reais pro filho e coloque a diferenca numa conta de poupanca e quando ele fizer 18 anos dê um apartamento pra ele.

Nunca tinha percebido como a classe media brasileira superficial, mas estou cada vez mais chocada. Não entendo o porque dessa mania com produtos importados, essa necessidade de mostrar etiquetas. E já que se quer mostrar etiquetas, que se mostre etiquetas nacionais. Gente, vi tanta coisa legalzinha aqui, tanta roupinha legal de artesães locais, os chinelos e rasteirinhas, as saidinhas de praia, dá vontade de comprar tudo! E neguinho aqui indo pra piscina com vestidinho Burberry. Não entendo!

Eu acho que talvez eu fosse ser assim tambem. Sou classe media paulista, a pior que há. A Yolanda ( como diria a Alice ) me curou!

Agora vou cuidar da vida. Está chovendo cântaros aqui, e demos graças a Deus porque estamos os dois gripados, nariz escorrendo e olhão vermelho.

domingo, dezembro 5

Breve parada em SP

Saimos de Schiphol ontem com 3 horas de atraso. Nao entendo porque eh que deixam a gente esperar dentro do voo ao inves do saguao. Foram 15 horas naquela poltrona e eu agradeco aos deuses os cm a mais da comfort class. Quase morri de fome, porque jah entrei no aviao com fome esperando a primeira refeicao, e a comida disponivel ao inves de durar 12 hrs teve que durar quase 16.

Chegamos em SP e minha mae, tia e primo estavam aqui esperando pra pegar uma mala de presentes, e logico pra nos ver.

Dormimos no hotel Caesar Business, e apesar do preco salgado eu recomendo. Tem todo o espaco que o Citzen M ( que ficamos em AMsterdam ) nao tem.

Agora estamos indo pro cafe da manha e as 10 vamos pro aeroporto pegar o voo pra salvador. Dai sim comecam as ferias.

Em salvador recarrego meu telefoneco e coloco as primeiras foteeeenhas.

Povo, ja ate esqueci o que eh neve!

sexta-feira, dezembro 3

Dear all

Então, é hoje! Vou pro aeroporto, durmo lá, e vou-me pra Pasárgada ( apesar de não ser amiga do rei ).

Resolveram a pendenga do hotel? Marromenos. Estarei indo pro Grand Palladium Imbassaí, que estava na minha listinha de candidatos mas foi descartado porque está em soft opening. A única compensação que me deram foi alugarem um carro, já que o hotel é bem mais distante da vilinha de Praia do Forte. Até a diferença de preço do hotéis tive que brigar pra ter de volta. Na agência, tudo estava sendo cuidado bem enquanto nossa agente estava lá, ontem ela tinha o dia livre e a substituta era péssima.

Estou louca pra chegar em SP, comer uma coxinha com guaraná e relaxar vendo novela. Mais nada. Cansadésima disso tudo aqui. Essa semana inteira estou me sentindo um urso polar no deserto do Saara.

Deixa eu contar. Abriu um "rodízio" em Nuenem. Achei barato, € 23.50 por cabeça, então sugeri que fizéssemos nosso jantar de Sinterklaas lá. Gente, que coisa bizarra! No começo vem a mocinha explicar o "evento", e ensina que se começa com sopas. Cuma? Sopas? Bom, vamos lá, sopinha cai bem nesse frio… Aí vai-se, coordenadamente e em ordem, pro buffet de saladas, aliás, mini-buffet de saladas. Nenhuma folhinha cruazinha e crocante, nenhum vinagrete, nenhuma farofa. Palmito nunca foi visto pelo dono, claro. Mas ok, ninguém foi lá pra comer salada. Aí começaram as carnes, a maioria bem boa. Até camarõezinhos serviram. Já quase no final, picanha, disse pra todo mundo experimentar, os colegas pegaram uma fatiazinha, ok-ok, nada de especial ( e olha que a picanha estava super boa ). Aí começa a passar uma carne pedaçuda, parecia Cupim, e todo mundo LEKKER, LEKKER ( delícia ), ouvi até um FANTASTIIIIIISCH ( fantástico ), e claro fui experimentar. Era um bolão de carne moída com tempero ultra apimentado. E foi aí que eu entendi, que depois de décadas comendo carne moída meio-a-meio temperada pela mãe e depois pela esposa com qualquer pó cheio de salitre, o tamancudo não vai mesmo achar gosto numa picanha de primeira, churrasqueada no ponto certo só com uma pitada de sal grosso.

Aí lembrei do churrasco de despedida do casal consular. Fui comprar as carnes com a Holandesa. Pegamos uma peçona de Contra-filé brasileiro liiiindo, pegamos picanha, aí ela vai nos hamburgueres e pega uma caixona. Eu na hora falei: cê tá louca, quem vai comer hamburguer com tanta carne de primeira? E ela respondeu: ah, eu conheço a holandesada, eles a-do-ram hamburgueres. Durante o churrasco, eu perguntei pro churrasqueiro se os hamburgueres tiveram saída: ah, eu coloquei uns 3 na chapa, mas do jeito que foram pra mesa voltaram, mas também, quem vai comer hamburguer se tem filé? ( o churrasqueiro era pai do dono da casa, brasileiríssimo ).

Daí eu concluo que nós, brasileiros, "infectamos" nossos parceiros holandeses com nosso paladar de fino trato. Portanto, há esperança.

E fui-me povo, o próximo post vai ser on the road.

Pros amiguinhos do Twitter, foteeeenhas seguirão do Smartphone, keep watching ; )

quinta-feira, dezembro 2

Arrancando os cabelos


Ainda não sabemos qual será a solução pro nosso problema. Liguei pro Iberostar na Bahia, e explicaram que haverá um evento no hotel, ou seja, quem já tinha reserva, foi simplesmente chutado na bunda.

A agência, a Tui Alemanha, quer sair dessa sem gastar um puto tostão.

Nos ofereceram um quarto standard no Tivoli Eco Resort, com pensão completa e 150 euros pra drinks. Não aceitamos por dois motivos: os quartos standard são velhos caindo aos pedaços, e eu havia pagado por uma Suite Junior com vista pro mar, e ficamos fazendo as contas do que gastaríamos com bebidas, e pensem bem, 4 reais cada refri, 16 reais uma caipirinha, 6 reais uma garrafa de água mineral. Adianta você estar num hotel mais luxuoso mas ficar preocupado com cada copo de água que você bebe?

Propusemos ficar no Grand Palladium Imbassai, num quarto com vista para o mar, receber a diferença de volta ( €600 euros ) e que eles nos paguem o aluguel de um carro, porque esse hotel é no middle of nowhere. É um puuuuuta negócio pra TUI mas eles ainda não responderam, ainda estão fazendo fiofó doce.

Eu vou ficando mais nervosa a cada hora que passa.

Imaginem que a nossa agente na ARKE não trabalha às quintas, então eu liguei de manhã e me atendeu outra dona. Aí ela me disse que a TUI ía dar a resposta só à tarde, aí imaginem que se é algo que eu não quero aceitar, terei tempo de arrumar outra coisa? Virei um bicho. Falei que estou saindo da minha casa em 24 horas e não sei onde vou dormir ao chegar no Brasil, tudo isso com voz de bruxa do 71.

Olha, é terrível como a gente se sente desamparada da lei numa situação dessas. Eu não quero um hotel melhor, eu não quero carro gratis, eu não quero nada especial, quero só ficar no hotel que eu reservei, paguei, recebi confirmação, peguei os vouchers na agência. Coloquei muito tempo e esforço na escolha desse hotel, e agora estou tendo que, na correria, aceitar o que estiver disponível só porque eles fizeram besteira. Não sei pra quem reclamar, não sei pra que lado correr e tenho a impressão de que se eu não aceitar alguma coisa loguinho, vou acabar sem hotel, sem escolha.

Ó, eu sei que eu sou uma chata, mas nem eu mereço um stress desses um dia antes de ir de férias.

Blé, isso tudo é muito blé.


quarta-feira, dezembro 1

Pânico total


Fomos contactados pela ARKE hoje na hora de almoço com informação de que deu overbooking no Iberostar Praia do Forte, que nossas reservas foram canceladas. A agência está negociando com a TUI porque o principal problema é que a única opção é o Tivoli Eco Resort, que não é all-inclusive e cujos únicos quartos que tem resenha favorável são aqueles renovados, super caros.

Esse Tivoli Eco Resort é bem mais caro que o Iberostar, mais bem localizado, mas nós queríamos mesmo ir pra um all-inclusive, sem falar que um simples guaraná no Tivoli custa 4 reais, uma caipirinha 16 reais, como bancar essa fortuna, pra quem já pagou super caro no hotel, achando que estava reservando um all-inclusive e que não iria gastar mais um tostão?

Olha, é muito olho gordo nessa viagem, não é possível. Justo hoje, que peguei o netbook que vou levar pra minha sobrinha na loja, era o último presente a ser providenciado, achei que finalmente estava pronta pra ir de férias, só faltava lidar com o drama que está aqui no trabalho.

É mole ou quer mais?

segunda-feira, novembro 29

Neve no fiofó dos outros é refresco

O dia começou com o que poderia ser uma sessão de tortura: o dentista. Desde os 4 anos, quando caí e assassinei os dentinhos de leite, tenho fobia de dentista. Até que achei o Dr. Peter, que é arubano e trabalha no consultório do Dr. Kho, que é chinês, todos nascidos em Breda, mas que tem essa clínica muito chique em Eindhoven. O cara é porreta, aliás, a mão dele é uma porreta na arcada dentária: o cara dá uma anestesia digna de ser televisada por toda a Europa. Amo-lho, anestesiador de primeira!

Indo para o trabalho de moteeenha, começou a nevar sal grosso. Flocão de neve é bonito de ver, é maciozinho, mas essa neve sal-grosso acaba com a cara ( e a maquiagem ) da gente. Eu tava perto da empresa e fui bravamente em frente e cheguei.

O dia se sucedeu em reuniões infames, onde não se resolve nada, e amanhã será outro repeteco. Manja quando você tem a impressão que não produziu nada?

Aí eu trabalhei até as 8 da noite, quando tentei sair tinha 20cm de neve fofinha. Lindo, mas... um sebo. Tentei ir de moteeenha, mas depois de 50 metros escorregamos, eu pulei, a moteeenha se estatelou, eu estacionei a bicha no cobertinho e liguei pro marido.

Fiquei na guarita 45 minutos, porque o marido estava ainda no trabalho e fica longe, e eu ali morgando, pelo menos tava quentinho.

Chegando em casa, já pronta pra cair no choro de desgosto, vejo meus gatuchos fofos os dois esperando a gente na janela, o entregador da Nike me deixou o papelucho de entrega da UPS, que é onde a bolsa da Kipling já está, ou seja, será uma só viagem, e eu tinha molho de tomates congelado pra fazer um macarrãozinho caseiro depois de semanas na comida congelada.

A vida até que não é tão má.

Agora vou ler noveletas debaixo do cobertor.

E pra você que acha linda as foteeenhas nevadas, digo-lhes: neve no fiofó dos outros é refresco! ( literalmente )

domingo, novembro 28

Dois posts em um

Serão dois post em um porque eu sei lá quando vou poder postar de novo, a agenda pra semana que começa está de chorar.

Compras online

Então, eis que eu decido fazer as compras esse ano online. Comprar é fácil, e a maioria dos sites está dando a entrega gratuitamente, mas essa entrega... Claro que só entregam no horário de trabalho e não entregam aos sábados, salvo a Wehkamp.

Comprei uma bolsa pra minha sobrinha e depois do entregado tentar entregar duas vezes, entrei no site da UPS e consegui avisá-los pra trazer o pacote para a central UPS mais próxima que eu irei buscar. Graças a Deus moro em Eindhoven em aqui tem central de todas as entregadoras, mas fico pensando quem mora em dorpje, o saco que deve ser.

Comprei também um tênis da Nike e estou tentando achar a entregadora, mas necas de catipiroba, terei que esperá-los vir aqui, ver qual é a empresa, pra só assim pedir para levar o pacote para a central.

E meu irmão quer ainda um netbook, e só vou colocar o pedido se eu conseguir confirmar no site que eu posso ir direto na central pegar, senão não dá tempo.

E o que me dá mais raiva é que você quer pegar o telefone e resolver a parada mas a maioria desses sites ( Kipling, Nike, Esprit ) não tem atendimento telefônico, só por e-mail.

Então, frustrada com o serviço das online, arregacei as mangas ( mentira, tá -2 graus e só louco arregaça as mangas ), e fui à luta.

Comprei tudo o que precisava? Acho que sim, e mais do que precisava, mas foram 3 dias de intenso labutar, e eu estou me arrastando. Não descansei nada! Fora que aqui não tem shopping como em SP, então é tudo no frio! Imaginem que hoje estava zero graus quando eu fui pro centro, e eu precisava dos presentes "pequenos", aqueles ao redor dos 10 euros, que estão, infalivelmente, nas lojas mais lotadas, porque holandês só dá presente nesse range.

Com isso, minha criatividade "presentística" caiu ao zero: comprei a mesma calça jeans para mim, para a minha mãe e para a minha cunhada, comprei a mesma blusinha de malha para uma tia e duas primas, comprei um colarzinho e brinco combinando para outras duas tias e uma prima. Para o meu afilhado, todos os anos acabo comprando um boné, nesse ano será o mesmo, porque a energia para ir até a Bijenkorf acabou na metade do caminho.

Só quero ver achar lugar pra colocar tudo isso!

O PERRENGUE NO TRABALHO

Sexta-feira tivemos um curso de Staff, só os gerentes e diretores. A proposta era: em 2015 minha empresa será assim... Discutimos e descrevemos como seria a empresa "dos nossos sonhos" em 2015 e as ações para chegar lá.

Na parte de tarde fomos divididos em grupos, e eu caí no grupo do diretorzão. Nosso grupo pegou o assunto "people" no sorteio.

Estávamos lá na sala do diretorzão fazendo nosso assignment e uma das perguntas era: qual o split ideal entre mulheres e homens no departamento em 2015? A empresa estará contratando mais mulheres? ( é notório o ínfimo número de mulheres trabalhando na empresa toda ).

Ele olhou para mim e perguntou: Adriana, vc é a única mulher do grupo, o que você acha?

E eu fui sincera. Disse que o xis da questão não parece ser nem a gravidez e licença maternidade, mas sim o fato de praticamente 100% da população feminina holandesa achar que se ela não ficar em casa pelo menos um dia por semana, que o filho vai ter sérios problemas no futuro. Disse que eu realmente não vejo como o nosso trabalho possa ser feito em 4 dias por semana, mesmo porque qualquer emergência que ameace parar a linha de produção acaba na mão do comprador, então o risco que a empresa corre se aquela pessoa não estiver disponível é bastante grande. Disse que eu deixaria bem claro para candidatas de sexo feminino que o cargo não tem possibilidades de meio período / um dia a menos; e esperaria que elas fizessem sua escolha. Na verdade, a impossibilidade de trabalhar um dia a menos vale para ambos os sexos, mas embora o número de homens trabalhando um dia a menos esteja crescendo, comparado com o número de mulheres, ainda é ínfimo.

Ele me chamou num canto e me pediu para que eu explicasse esse ponto, porque ele é de mesma opinião mas não pode se manifestar. Eu fiquei confusa, mas ele me pediu... Temos duas mulheres diretoras, e elas não gostaram nada do que eu falei, e acho que alguns outros diretores também não, mas é minha opinião como indivíduo, fazer o que?

Não houve tempo para debates, réplicas ou tréplicas, mas depois vieram me falar que é ilegal dizer para um candidato que o emprego não permite part-time, e que se um funcionário requerer o part-time, é ilegal negar. Será? Eu já ouvi de tanta gente que quis negociar com a empresa ao ter filhos e não conseguir. Só sei que eu precido URGENTEMENTE de um treinamento sobre o que se pode falar ou não numa entrevista na Holanda, porque já comecei a entrevistar candidatos para o meu grupo e fico sempre na ultra-dúvida.

Mas eu acho sim que ambas as partes, empresa e funcionário, se beneficiariam de um pouco de honestidade. A empresa em não esconder as possibilidades do candidato ( isso envolve também não prometer celulares, viagens, laptops de última geração se você não pode depois dar ), o candidato em não esconder seu planos pessoais ( a mulher que quer ter filhos, o rapaz que quer tirar um sabatical para ser voluntário na Africa, o OldFart que gosta de viajar a trabalho e odeia sentar a bunda na cadeira do escritório ).

Aí a empresa fica achando o funcionário um "folgado" porque ele quer o celular prometido ou as mil viagens a negócios; e o funcionário fica "p" quando o part-time é negado ou o sabátical. E o governo inventar leis para fazer a empresa cumprir um papel social que cabe a ele é burrice, porque a empresa tem mil estratégias para manipular o funcionário, vide a colega que queria trabalhar só 3 dias por semana e depois de ser colocada num dos piores departamentos da empresa pediu as contas.

Agora me vou, tentar descansar um pouco nesse resto de findi, e começar a arrumar a mala.

quarta-feira, novembro 24

Whadda "beep"?


Quem odeia fazer as compras de lembrancinhas quando vai pro Brasil põe o dedo aqui!

Engraçado é que o povo tem vergonha de dizer: já que você vai me trazer um presente mesmo, me traga X. Meu irmão fica inventando desculpinhas, e eu deixo, porque eu me divirto vendo as grandes elaborações dele. Mas ó, que prático o povo te falar o que quer. Minha sobrinha queria uma bolsa Kipling, já comprei online, devo receber logo. O resto vou ver se compro online. Tá um frio do cão e ficar zanzando pra cima e pra baixo não traz futuro.

Mas então, tcheu contar procês do OldFart. Ontem foi o último dia do funcionário que o OldFart está substituindo. O costume aqui é o que está saindo comprar uma gebak ( torta ), a gente senta na sala do diretor e o diretor faz um discurso e dá o presente com cartão do time. Esse discurso é coisa de holandês, roteiro mais ensaiado do que a festa de aniversário onde todo mundo senta em rodinha e bebe café com gebak, o diretor fala como o funcionário começou, qual foi a primeira impressão dele na entrevista ( sempre sendo bonzinho ), fala de alguns projetos e momentos difíceis - sempre enfatizando como o funcionário em questão se deu bem, tenta engajar uma ou duas piadinhas pro povo rir, e termina agradecendo e dando o presente. Aí o funcionário "saideiro" faz o discurso final, e todo mundo sai feliz. Ontem, quando o diretor acabou, o OldFart levantou, antes do "saideiro" ter a oportunidade de agradecer, e disse que queria fazer um agradecimento especial ao rapaz, que foi o mentor dele nesses 3 meses.

Esse Old-Friggin-Fart levanta e começa: trabalho em time é importante… eu fiz parte de um time de iatismo, competi profissionalmente, ganhei 6 títulos holandeses, 2 europeus, vice mundial, velejei com o príncipe Willem Alexander, e eu fiz isso e aquilo e ganhei louvores e iata iata iata … 5 minutos depois … iata iata iata, e apesar do mundo ser um lugar melhor porque eu existo, eu tenho muito a agredecer ao meu "coach", que assim como o "Saideiro", me guiou para o meu triunfo. E deu um pacotinho pro rapaz com uma camisa do time que ele participou, detalhe: usada!

Ficou todo mundo com cara de bunda, até que um colega soltou: ei, Saideiro, você disse que ía pintar sua casa nesse fim-de-semana, ó aí, já ganhou a camisa!

Gente, me diga, como será minha avaliação anual em 2011 se eu vou ser avaliada por treinar esse trem desgovernado?

segunda-feira, novembro 22

Ah, Bebé, mamar na vaca cê num qué!


Será que fui só eu? Lá em casa eu nunca pude escolher se ía pra Universidade ou não, TINHA que ir, podia ser pra qualquer coisa que me apetecesse, não não ter curso superior não era opção.

E desde pequena fui doutrinada: você tem que ser a melhor, tem que sempre querer mais, e conforme eu fui ficando mais velha, tem que fazer um excelente estágio, tem que conseguir um emprego invejável, tem que ser bem sucedida.

Eu nem sei qual seria a reação dos meus pais se eu tivesse dito: mas eu quero só o suficiente pra comprar um carrinho, alugar um apartamentozinho, ir pra Porto Seguro com parcelamento em 10X pela CVC, e fazer minha festa de casamento no quintal de casa com lanchinho de carne-louca.

Eu acho que a possibilidade de querer menos na vida nem passava pela minha cabeça, porque eu sempre ouvi que eles faziam por nós ( eu e meu irmão ) mais do que os pais deles fizeram, portanto nós deveríamos também chegar mais longe do que eles chegaram. Querer menos nunca existiu.

Eu até preciso perguntar pro meu irmão como ele educa os filhos dele, porque se for da mesma forma que nós fomos educados, coitados dessas crianças, afinal, modéstica bem a parte, eu e meu irmão não nos demos mal na vida.

Só sei que hoje eu estava aqui na minha mesa, quase chorando de desespero, 4 da tarde e já sabendo que o dia não termina antes das 8 da noite, pensando que vou ter que comer comida congelada de novo, quando eu vi a assistente do departamento fechar a mesinha dela, desligar o computador, passar batom, e dar tchau felizinha porque hoje ela vai assistir HP com uma amiga e jantar fora. E eu brinquei: que inveja! Ela só respondeu: Adriana, é justo você ter inveja de mim, porque eu também tenho inveja de você. Você inveja eu sair todos os dias as 4, e o tempo que eu tenho pra ir ao mercado com calma, de ir pra aula de Pilates, de sair com uma amiga em qualquer dia da semana, de eu nem lembrar do meu trabalho depois que eu saio da empresa, e eu invejo você porque você não precisa economizar 2 anos, se privar de comprar roupas novas, vigiar as compras do mercado, tudo pra poder juntar dinheiro pra fazer uma viagem legal ( ela está indo pra Austrália em fevereiro ).

E eu fico pensando… Será que não tem meio-termo? Mas ué, a Holanda já é um meio termo, afinal essa colega ganha pouco mais de um salário mínimo e mora sozinha, tem seu carrinho e vai pra Austrália, quando isso será possível pra quem ganha salário mínimo no Brasil?

A verdade é que eu sou doida e o que eu quero é trabalhar 8 horas por dia, até umas 9 ainda vai, fechar minha mesa, ir fazer curso de Mindfulness porque eu tô mais que precisando, e ainda ganhar o que eu ganho.

Agora respondam aí: dá pé?

sábado, novembro 20

Cinto de inutilidades

Exite alguém que se interesse por uma abominação dessas?

Clique aqui para ver a inutilidade do século

No vídeo os cabos pra tudo que é lado


Tem quem compre?

Cadê o avião?

Todo mundo sabe da minha depressão de inverno. Acho que a cada ano que passa fica mais braba. Hoje fez um solzinho mequetrefe eu aproveitei pra ir andar no centro da cidade, ir resolver uns pepinos ( tipo tirar a carteira internacional de habilitação, que de internacional não tem nada, é toda em holandês, povo burro! ). Como o mau humor, a dor no ombro, a depressão haviam tomado conta desse ser, fui a um salão de bronzeamento artificial e fiz uma sessão de 20 minutos, que ajuda bem. Farei mais.

Estou olhando alguns sites no Brasil e ó, que vontade de mandar tudo pra pqp e sair de férias agora, viu! Comecei vendo site de sandálias, gente tantas e tão lindas! E eu quero bem no estilo 30 real: havaianas, ipanemas, azaleias e ramarins. Quero também uma mais chiquezinha pra jantarzinhos especiais, já que a gente só vai pra praia mesmo.

Daí resolvi pesquisar se tem loja de sandália em Praia do Forte, eu lembro que adoramos o comércio em Praia, mas não lembrava de ter visto sandálias. Claro que tem, e de quebra vi as foteeenhas da vilinha, que é linda de morrer. Ai, que diliça voltar pra Praia do Forte.

Cadê o avião que eu vou-me embora já, que eu não nasci pra esse frio.

Ah, antes que Alice diga que eu reclamo muito, não estou reclamando - só contando um fato.

sexta-feira, novembro 19

Harry Potter 7

Ontem assisti ao Harry Potter 7. O filme ía ser 3D, daí eu ter escolhido o Imax, mas parece que os produtores não conseguiram terminar os "efeitos" a tempo, mas como algumas das cenas foram óbviamente filmadas para dar um sustão no 3D, não duvido nada que o DVD seja lançado em Blue Ray 3D.

Outra novidade é que o filme vem com censura 12 anos, enquanto os anteriores eram censura livre. Eu não acho que uma criança de 10 anos vá se assustar com o filme, mas uma de 6 certamente vai. Fui na sessão das 18:15 ( eu estava planejando ir na das 20:30 pra evitar crianças, bebês, cabras e aliens ) e havia bastante avisos "atenção, censura 12 anos, cenas de violência e suspense", e vi que aqueles que teimaram em levar crianças menores foram avisados de que o filme é escuro e pode ser assustador. Claro que meia-duzia de espírito de porcos foram mesmo assim. Vi dois adultos saindo com crianças no meio do filme.

Quem leu o livro sabe que a primeira metade da história é tensa, só coisas ruins acontecem, que eles brigam muito por causa do horcrux no pescoço, que ficam perdidos fugindo do Voldemort pra cima e pra baixo, e tudo isso está no filme, claro, e daí o filme ser sombrio, pesado mesmo em comparação aos outros. As crianças não vão mais se identificar, porque não tem mais criança no filme, tá todo mundo adulto.

Eu gostei do filme, mas é um filme pros fãs, porque é um pedaço de uma história. Pra quem não é fã, eu diria pra esperar o próximo, assistir esse em DVD nas vésperas, e assim fica-se sabendo do fim da saga.

Para os fãs, e respondendo à pergunta que não quer calar, onde acaba esse filme? Dobbey morre, Harry está enterrando ele quando ao mesmo tempo Voldemort está violando o túmulo do Dumbledore pra pegar a Elder Wand ( como traduziram isso? ). Ele levanta a varinha, emite um raio, e tcharam, o filme acaba.

O próximo filme será gigantesco, porque o filme não acabou na metade do livro, acabou antes.

Agora é esperar Julho de 2011.

Ó céus.

quinta-feira, novembro 18

Cataploft!


Ontem um carro me cacetou dentro da ciclovia. Eu certíssima, ele erradíssimo ( dentro da ciclovia! ), fui ao chão, não me machuquei feio, a moteeenha tá inteira, mas eu tô toda dolorida, devia ter ficado em casa na banheira, mas não posso me dar a esse luxo. Cá estou eu, me arrastando.

Indo pro trabalho hoje, na mesma ciclovia, um turco que andava pela ciclovia levando o filho pra escola me xingou. Eu, novamente, certíssima na ciclovia, ele pedestre andando pela ciclovia. Estava com os pacovás na lua, lembrei que tinha um carro de polícia escolar a 10 mrts dali, dei queixa! Foram lá no senhor, que ainda estava na ciclovia, fizeram ele preencher uma ficha, perguntaram se eu queria dar queixa, eu dei! Disseram que eu vou receber o "resultado" pelo correio em casa. Ah, e o turcão vai receber uma multa!!! Ha ha ha, bem feito!

E faz um frio, um frio, um friiiiio… Estou dolorida, deprimida, atolada de trabalho, mas preciso ir ao cinema, porque ontem começou o Harry Potter 7. Estou pensando em ir na sessão das 20:30, assim a chance de ter criança, bebês, cabras e aliens no cinema é menor. Tô querendo ir no IMAX, apesar de já ter jurado minha fidelidade ao Zien ( cinema com mesinhas e garçon ).

Tomei Voltaren, paracetamol fortão, passei pomada no joelho, colei emplastro sabiá nas costas, mas ainda assim tô um caco. Só o sol da Bahia, bobó do Yemanjá e caipirinha de caju salvam.

Claudinha, sem querer te matar de inveja, mas em 16 dias eu estarei aportando na sua terra, estarei no Resortão boiando na piscina e vou dormir ouvindo os coqueiros chacoalhando em frente ao nosso quarto com vista pro mar. Na na ni náááá.

terça-feira, novembro 16

The Sky is not so blue today...


De todas as coisas boas que meus pais fizeram por mim e pelo meu irmão, permitir que tivéssemos animais de estimação foi uma das melhores e mais importantes.

Tivemos gatos, um cachorro, passarinhos… Cachorro foi só um, o Ship, que "veio" com a nossa casa, a dona estava indo morar num apartamento que não permitia animais, e ela ficou exultante vendo a nossa alegria, minha e do meu irmão, ao saber que poderíamos ficar com o Ship. Ele era um cachorro especial, mas todos os cachorros são especiais, não são? Inteligentíssimo, fazia vários truques, era o nosso orgulho. Ship era, segundo 100% das pessoas que o conheciam, o cachorro mais feio do mundo. Um cruzamento de pequinês com qualquer vira-lata, ele era feinho mesmo, mas simpatissíssimo, em alguns minutos conquistava qualquer um. Ship viveu uma longa vida, e acho que uma vida bem feliz. Quando ficou velhinho foi perdendo os dentes, teve um derrame, a gente foi se preparando para o fim que chegava. Minha mãe diz que um dia antes de morrer ela percebeu que ele não aguentava mais, e conversou com ele, disse que ela ía sentir muito a falta dele mas que ele podia ir. E ele foi.

A Ali, nossa última gatinha, eu comprei num petshop muito do ruim. Eles colocaram aquela caixa ali na vitrine, com esses siameses, todos entuchados num espaço minúsculo. A petshop ficava num shopping, e numa manhã eu vi aquela ninhada ali, tão pequeninhos, me apaixonei. Tínhamos acabado de perder nossa gatinha, envenenada, minha mãe não queria mais gatos, mas ao fim da tarde, quando voltei àquele shopping, me cortou o coração, havia sobrado apenas um gatinho, que sozinho, chorava. Entrei na loja pra perguntar o preço, a vendedora disse: é fêmea, ninguém quer, ela é muito pequeninha. Eu quiz. Levei a Ali pra pra casa. Na época o francezinho Jordi cantava Allison, e daí saiu o nome dela. Ali era a companheira da minha mãe, morria de ciúmes dela. Quando o Bruno nasceu, a gata imediatamente se pegou de amores por ele, ele fazia gato e sapato dela, e era engraçadíssimo ver minha mãe levando o Bru pra passear de carrinho de bebê pela vizinhança e a gata seguindo que nem cachorro na coleira. Ali foi a companheira de divórcio da minha mãe, quando mudei pra Holanda cogitei trazê-la, mas naquele momento pior do que a saudade que eu teria dela, seria minha mãe, que havia perdido o marido, vendido a casa onde moramos 25 anos, se despedido da filha que foi pra outro continente, perder também a gatinha que tanto fazia companhia pra ela. Ali foi pro apartamento com a minha mãe e sempre ía pra Holambra com ela, e numa das férias minha mãe olhou pra ela lá estendida ao sol, no jardim, e teve dó de trazê-la pro apartamento. E assim Ali ganhou casa nova. A família foi aumentando, e os três cachorros imensos do meu irmão tinham apenas um medo na vida: medo da Ali, a chefona. Ali já estava com 17 anos, firme e forte, briguentinha que só ela, e num dia começou a mancar, o veterinário deu remédios, em uma semana ela se foi. Velhinha, morreu rápido, na sala com meu irmão e minha cunhada, no cobertorzinho dela.

Hoje, com os meus meninos, rezo para que eles morram como o Ship ou a Ali, velhinhos, perto de nós. Que nós tenhamos tempo de nos preparar para a partida deles.

Nossas duas Mimi's e o Chaninho não tiveram a mesma sorte. Os três morreram envenenados por um vizinho que colecionava passarinhos. O vizinho aprendeu a lição dele mais tarde de forma terrível ( contarei o "causo" abaixo ), mas levou embora três dos nossos bichinhos, e acreditem-me encontrar seu bichinho morto no telhado é de acabar com qualquer um. Fui eu que achei a Mimi 2.

Tem quem não entenda que a morte de um bichinho de estimação seja para o dono tão triste quanto a morte de um parente querido. Meu irmão mesmo diz que "bicho é bicho". Mas eu encontrei muita gente nesse mundo que não valia um décimo do que valiam meus bichinhos, do que valem meus meninotos. O animalzinho não se importa se você é feio de doer, se suas roupas são do Carrefour, se seu carro é um poisé. Pra ele importa que, além de cuidar dele dando comida, água e uma caminha, você seja aquela mão amiga pra jogar a bolinha pra ele pegar, pra fazer um afago na barriga, pra desgrudar aquele durex que colou na pata dele. Com um bichinho você não tem que TER, você tem que SER.

Ontem recebi uma ligação ultra triste da Holandesa, o Sky gorducho foi pro andar de cima. Não há o que se dizer nessa hora, porque na cabeça só passa "putz, que merda". Ela postou uma foto hoje no blog dela ( vejam o link ali do lado ), que me levou às lágrimas, o Sky era um gato ultra bonachão, gorducho, que eu apertei bem. Continuo sem ter o que dizer a ela, porque nada consola, nada alivia a tristeza, nada ajuda. Só posso dizer: força.

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*** O causo: o vizinho colecionava passarinhos, trocava e levava à exibições. Quando mudamos praquela casa, além de herdar o Ship, levamos a Mimi, que logo se tornou a melhor amiga do Ship. O vizinho veio nos pedir pra "nos livrarmos" da Mimi porque ela "estressava" os passarinhos e eles perdiam penas e ele pegava menos dinheiro quando trocava os passarinhos. Claro que a gente disse que era impossível. Mimi ficou grávida, teve um gatinho só, o Chaninho. Chaninho morreu envenenado aos 6 meses, a Mimi foi procurá-lo no dia seguinte e foi envenenada também. Em 3 dias perdemos os 2. Meses depois, alguém que sabia que a gente gostava de gatos, deixou uma filhotinha na nossa porta, a segunda Mimi. Mimi morreu envenenada aos 2 anos de idade. E como a Ali sobreviveu pro tanto tempo? Sorte. Sorte negra, mas sorte. O véio colocava veneno dentro de uma bolinha de carne e jogava no telhado. Numa noite ele fez o manjado truque, mas a bolinha deslizou de volta para o quintal dele. Aconselhados pelo veterinário, estávamos criando a Ali só com ração, e gato que come ração raramente se interessa por carne, então ela ignorou a bolinha de carne ( ou nem viu, vai saber ). No dia seguinte a filha do véio veio na casa dele com o filhinho de 2 anos e brincando no quintal o meninho achou a bolinha e comeu, teve convulsão, veio ambulância, o menino ficou semanas no hospital, sobreviveu mas com sequelas. O véio mudou pra um sítio, onde eu espero que ele tenha aprendido a lição. Aliás, nós nunca reclamamos dos mais de 20 canários que ele criava, embora muitas vezes a barulheira fosse irritante e o cheiro das gaiolas bem forte. ***

segunda-feira, novembro 15

O projeto brasileiro

Sexta-feira eu decidi que não iria passar o final de semana remoendo sobre o projeto brasileiro com o gerente francês, e aproveitei uma reunião com o diretorzão para "colher" mais informações.

Ele explicou que nessa fase, estão fazendo o trabalho "de base", e que a matriz em Seattle pediu para selecionarem um funcionário que tivesse conhecimento do caminhão europeu e algum conhecimento do mercado brasileiro, que tivesse tempo disponível para viagens exporádicas nos próximos 18 meses e que tivesse interesse em ser expatriado no Brasil em 2 anos, pelo período de 5 anos.

Eu preencheria quase todos os requisitos, o "quase" fica por conta de que eu não quero voltar a morar no Brasil. Mas Adriana, voltar ao Brasil patrocinada, por tempo limitado, porque não?

Explico. Não se sabe ainda onde será a planta. Pode ser em algum lugar legal ou pode ser em Coxipó da Ponte do Sul. Como vou me comprometer agora sem saber pra onde eu iria? E daí vem o Bart, onde ele trabalharia? Novamente, em SP seria fácil achar algo na área dele, já na Vila dos Remédios… Sem falar que se tivéssemos que ficar em SP ou RJ, eu viveria preocupada com a segurança dele, que se percebe que é gringo a quilômetros de distância. Os termos do contrato de expatriado daqui também não são os melhores, eu teria que alugar minha linda casinha nova aqui na Holanda, e no Brasil, só eu teria direito a um carro ( se bem que o Bart tem paúra de dirigir no Brasil ). Mas o que mais pesa é que se o Bart ficasse esse tempo todo fora, sem trabalhar, ele voltaria naquela idade difícil de se mudar de emprego, teria passado a fase do "mid-career". E tem mais, será que eu me adaptaria? O barulho, o tráfego, a poluição, a politicagem empresarial, o povo falando uma coisa na frente e outra pelas costas, os eufemismos…

Mas e o francês, quer voltar ao Brasil? Não! Mas ele não disse nada ao diretor. Quando conversamos ele disse que vai aproveitar a oportunidade enquanto puder, que o diretorzão perguntou a ele se ele moraria no Brasil e ele disse que com um contrato favorável ele iria, mas o que ele diz é que contrato favorável para ele é apartamento pago, dois carros, escola internacional pros dois filhos, emprego para a esposa ( ela é uma executiva na área de marketing duma empresa de alimentos famosa ), e compensação salarial. Ele sabe que vão negar, e sabe que ele corre um sério risco de "se queimar" profissionalmente, mas ele acha que os benefícios imediatos compensam.

E é isso. Cá estou eu. Cheguei a pensar: será que eu deveria ter feito o mesmo e mentido? Mas a verdade é que eu gosto muito do meu emprego para arriscá-lo assim. Eu sei que eu vou me remoer muito, porque eu fui criada para não aceitar nada abaixo do top do top do top, e eu tenho certeza que eu vou vê-lo deslanchar na carreira nesses 2 primeiros anos e vou pensar que poderia ter sido eu. Estou sim me culpando por tomar o que é agora o caminho mais fácil, mas vou para já.

Está na hora de eu parar de me culpar por tudo. Imigrar aos 30 anos de idade não é bolinho. E não vou "desimigrar" aos 40 para reimigrar aos 45. Mereço agora relaxar e colher os frutos do que eu ralei nas pedras pra conseguir aqui na Holanda.

Combinamos que quando chegar a hora de tropicalizar os produtos do meu grupo eu serei envolvida e voilá, assim será o meu involvimento com o projeto. Enquanto isso eu terei meu coração partido várias vezes, porque uma decisão racional raramente corresponde a sua decisão emocional, e a emocional já me vê de terninho no Brasil, perto dos meus familiares, assistindo novela da Globo.

Porque é que eu sou tão complicada, respondam!

sexta-feira, novembro 12

Impressionante

Venta muito há 2 dias. Muito mesmo, como só aqui nos Países muito Baixos.

Ontem a secretária me disse que ía correr ver a instalação de arte GLOW em Eindhoven porque acaba esse sábado mas iria chover cântaros. Eu subestimei a previsão do tempo e deixei pra amanhã.

Chove de uma forma impressionante, a casa inteira está sendo estapeada pela chuva e vento. Queria muito ter uma filmadora pra colocar filmezinho no iutubi pra vocês. É uma chuva estranha, e olha que sendo paulista eu entendo de chuvas!

Hoje o marido e eu íamos antecipar nossa visita à tal Glow e comer um japinha, mas sinceramente não dava pra colocar o nariz pra fora da porta, acabamos jantando sopa em latinha e goulash ortodoxo com tudo que eu encontrei na geladeira.

Plato vai de janela à janela inconformado com o barulho, e olha pra gente e mia.

Se eu sumir, foi um furacão que me levou.

quinta-feira, novembro 11

Dónde están las tiritas?


Colega Francês que está trabalhando no projeto brasileiro: Estavam falando que talvez nossa empresa escolha  abrir uma planta em Minas Gerais…

Adriana: Bom, agora eu entendo você ir visitar a Usiminas.

Francês: Como assim?

Adriana: Se a empresa vai comprar todo o aço que se usa pra fazer um caminhão na Usiminas, há benefícios em estar perto dela.

Francês: Ah, você  já trabalhou com a Usiminas?

Adriana: Não, nunca.

Francês: Mas como você sabe que a Usiminas é em Minas Gerais?

Adriana: :oO  :oO  :oO

Francês: Você googou?

Adriana: UsiMINAS - MINAS Gerais

Francês: :oI  Ahn?

Adriana: O nome da empresa é Usiminas porque ela está em Minas Gerais.

Francês: Ahhhh… Eu não tchinha entendidou.

E o meu coração colegas, ainda sangra. Hoje, num dia especialmente deprimente, mais esse lembrete de que meu coração está despedaçado. Estou me sentindo o cocô do cavalo do bandido.


segunda-feira, novembro 8

Desabafando


Duas coisas importantes aconteceram na semana passada: o coaching de novos funcionários no meu grupo foi 100% transferido para mim, e tivemos o budget review anual do OF ( OldFart ).

Vamos lá pro "causo" e uma lição pra todos nós.

OF é um comprador senior, é esperado dele que ele esteja com as rédeas na mão das commodities dele. Fornecedor nenhum vai vir aqui bater na porta dele dando descontinhos de mão beijada, tó OF - 2% de desconto só porque eu gosto do seu óculos tosco. A gente tem que correr atrás, a gente tem que suar a camisa, dar chicotada no fornecedor. Quando eu digo aqui que Gerente ( ou profissionais ) de Vendas é tudo malandro, eu não tô brincando.

Estou fazendo o tal coaching do OF e uma das piores falhas dele, que eu odeio em qualquer profissional, é a mania de jogar as responsabilidades dele pra cima de outro. Quem não está a fim de ter responsabilidades, metas a atingir, prazos a cumprir, que arrume então um emprego mais simples. Não é vergonha nenhuma dizer: quero apenas vir pra empresa, fazer meu trabalhinho, ir embora no horário e receber meu cheque no fim do mês, DESDE QUE, você se candidate para um emprego operacional que não exija muito mais que isso.

O budget review dele foi tão ruim, mas tão ruim, que o diretorzão interrompeu antes do fim e mandou ele ( e todos nós, eu, nosso diretor junior ) voltar em duas semanas. Ele já está sendo treinado a quase 3 meses, full time, um luxo que poucos tem, ele é senior, está numa faixa salarial alta ( logo esperam bastante dele ), e ele começa a apresentação pro diretorzão assim:

- Eu sou o OF, ainda sou novo na commodity, não sei muito ainda, por isso eu vou só ler os slides e meu colega Fulano ( o antigo comprador ) vai explicar.

Já ficou todo mundo pensando "WTF, o cara tá aí a 3 meses e ainda não tem controle da commodity dele"? E seguiu-se um rosário de desculpas esfarrapadas, mas o fornecedor não me mandou tal lista, o fornecedor "não quiz" me dar tal redução de preço... juro gente, uma vergonha.

E quando o diretorzão começou a dizer que tava tudo incompleto, patati patatá, a gente baixou a cabeça, ficou vermelho e calou, menos o OF, que bateu boca com o diretorzão!!! Eu tava vendo a hora que o diretorzão ía mandar o OF calar a boca…

O pior é que isso reflete também em mim. Dessa vez eu ainda não fui massacrada porque o coaching não era meu, mas em duas semanas temos que voltar, e juro que se o OF não entrar na linha eu vou estrangular o cara…

Eu juro que não tô podendo, meu povo. Eu ando uma pilha de nervos, tenho que tomar muito cuidado para não "overreact", mas tá difícil.


domingo, novembro 7

TAM e GOL

Lembram-se dos meus posts inconformada em não poder pagar os vôos TAM e GOL aqui de fora com cartão internacional? Gente, tem que elogiar quando há motivo: tá funcionando gente, o site internacional de ambas as empresas!!!!

Nosso primeiro vôo será GRU-SSA, e será TAM porque tinha um horário muito bom, que a GOL não tinha. Sem falar que a GOL só é barata se você reservar moooooito antes, né? Sábado de manhã eu olhei um vôo na GOL e tava 229 reais, mas era um pouco tarde, e o da TAM tava 249, mas era exatamente no horário que eu queria. Hoje quando fui reservar, o da GOL já tava 479, e o da TAM se manteve, então vamos de TAM.

O SSA-REC tava 84 reais ontem de manhã, hoje já paguei 169, que ódio. Mas na TAM tava ainda mais caro.

E REC-CGH vai ser novamente de TAM.

O sistema de compra de passagem da TAM é mil vezes mais rápido e mais fácil, mas em compensação não confirmam a reserva na hora, só quando a administradora do cartão aprovar a transação ( ré-lou? ). Mas em 30 minutos recebi um e-mail confirmando. Já a da GOL tem um monte de campos pra preencher, é um saco, mas usa o secure ID da MasterCard, e a transação é emitida na hora.

Estou impressionada que com as duas empresas eu pude já agora reservar meus assentos, o que me deixa bem mais tranquila. Não sei se vai rolar um check-in online, mas já estou tranquilinha sabendo que nossas cadeirinhas estão marcadas.

Agora falta apenas: o hotel em GRU, aliás, o tripadvisor indica o Mercure em Guarulhos, mas tá muito barato, tem alguma "pegadinha" nessa história? Faltam ainda os transfers em SSA e REC. E o hotel dos gatos.

E toda a presentaiada.

Jesus me proteja!

sábado, novembro 6

Drag Piovani Queen

No estadão.com tem uma matéria na TV Estadão com a Luana Piovani. Começou com a musiquinha Lua trilili trololó do Caetano, e a Adriana do lado de cá pensando: mas caramba, a Luana Piovani não se desentendeu, brigou, rodou a baiana com o Caetano porque ele disse que a música era pra ela, depois desmentiu, ela cobrou a "musisse" que pertenceria a ela... começar a matéria justamente com aquela música foi um fora da reporter, meo.

Aí eu tenho algumas considerações:

- Paulista tentando falar carioquês é deprimente. O R do carioca é o R do carioca e de ninguém mais, e pronto. Pior que R falsificado é manter o S de paulissssta ( e não de paulishta ) e fica aquela mistureba. Feio, muito feio.

- A moça tá naquele grau marombado parecendo traveco. Eu sei que ela maromba pacas o braço e quer mostrar o bíceps, mas a gente não quer ver, Luana, então uma manguinha nessa blusa djá.

- Eu gosto do Dráuzio Varela, mas comparar o Dráuzio Varela com a Madre Tereza de Calcutá é meio que demais...

- Eu já vi gente que esticou as rugas e ficou medonho, já vi gente que esticou as rugas e ficou bem, Luana TEM que esticar as rugas e pelancas dos olhos. Bem, estou sendo leviana aqui, afinal é lindo assumir os anos que Deus nos deu, mas, como é moda agora, tá mega-feio aquela pelanca nos olhos.

Agora vou voltar pra sessão mindfulness: não julgue...

Tô quase feliz!

Desencalacramos o mais complicado das férias: os hotéis no Brasil.

E para onde vamos? Tum tum tum tum... ( suspense com a musiquinha de Jaws )

Bart queria ir para Porto de Galinhas de novo, passamos nossa lua de mel lá e ele ainda fala de como as praias eram lindas, o snorkeling fantástico, etc e tals.

Eu queria ir pra Bahia, Praia do Forte com certeza e talvez Morro de SP.

Queriamos os dois ir a all-inclusives

**** Pausa para explicação ****

Fomos pra Amalfi num hotelzinho super legal e de preço razoável, principalmente considerando-se que aquela cidade é uma das mais caras da Itália: pagamos 100 euros na diária. Aí, como não somos de passar pela frente de ótimos restaurantes e ir sentar na pizzaria baratinha noite-após-noite pra economizar, acabamos gastando ao redor de 80 euros por dia entre jantar, almoço e sorvetinhos/refrigerantes. Achamos que gastamos muito pro que fizemos, hotelzinho "razoável", almoço foi lanche ou pizza, jantar bom, bebidas meio limitadas ( tomamos muita água que carregávamos com a gente, claro ).

**** Expliquei ****

Então acabamos por fechar o Iberostar Praia do Forte por 7 noites e de lá seguiremos para Porto de Galinhas onde ficaremos no Enotel por outras 8 noites. Agora começa a novela de reservar ( e pagar ) as passagens.

Mas estou animadinha da vida.

Aproveitei para encomendar umas roupitchas de verão na liquidação da Wehkamp, e embora eu esperasse que só metade ficasse legal, tudo ficou show. Ô vida boa de gordo por essas bandas. Serei "A" gorda elegante quando chegar ao Brasil.

quinta-feira, novembro 4

O mundo é gordo e gordo acorda cedo


Hoje começou os 4 dias de liquidação da WEHKAMP.NL

Lombrigas consumistas bateram palminhas.

Ontem eu já preparei minha "lista de desejos" no próprio site, assim no minuto que a liquidação fosse colocada no ar eu só daria um click e minhas roupitchas tão garantidas.

A liquidação começou as 8 da matina, eu consegui chegar ao computador às 8:10, nesses 10 minutos 2 das 3 blusinhas que escolhi já tinham acabado. Ah, o L tinha acabado, porque o S e o XS tinha lá de sobra.

O que tiro dessa experiência:

- Gordo só se ferra mesmo
- O mundo é gordo, afinal, as peças pequenas sempre sobram
- E puta merda, mas a gordaiada acorda cedo, hein!

quarta-feira, novembro 3

Tiritas pa'ese corazón partio ( ou Bandaid pro meu coração despedaçado )

Minha empresa vai abrir uma planta que produzirá lindos e reluzentes caminhões no Brasil. Na terrinha, onde nasci, cresci, estudei e trabalhei até ser uma senhora casada e trintona.

Na semana que vem começarão às visitas a fornecedores locais, o primeiro será a Usiminas. Eu não fui a escolhida para integrar a delegação que vai visitar esse fornecedor.

Fiquei com o coração aos pedaços, queria desaparecer da face da terra. Não soube pelo meu chefe nem por nenhum diretor, soube pelo meu colega francês que morou no Brasil meros 2 anos e que foi o escolhido. Ele está todo feliz, e eu também estou feliz por ele, ele é um cara legal, mas estou de coração ( e ego ) partido, então a cada novidade que ele divide comigo, sinto uma enfiadinha de punhal afiado no peito.

Estou me preparando para ir falar com meu diretor, e tenho que ter essa conversa de forma profissional, centrada, decidida. Sei que eu mal estou conseguindo fazer 50% do meu trabalho, acabei de receber mais um funcionário, em Dezembro será mais um, sem falar no OldFart, todos para serem treinados, vou de férias, mas pô, um projetão legalzão, e eu me sinto um lixo por estar, por hora, de fora.

Vou pra casa, vamos buscar nossa TV hoje, mas estou mas pra baixo que ânimo de pe-eme-de-bista. Queria ter a banheira da Claudinha, que aquela pelo jeito é milagrosa, vou ter que me contentar com a minha, tomando mimosas e lendo Nora Roberts.

Na próxima encadernação, com diz a Doutora Alice, eu nasço rikah sem necessidade de trabalhar pra pagar contas.

Tenham, por favor, muito dó de mim.

terça-feira, novembro 2

Não julgues...


A Fulana não devia ter dado aquela motinha pro filho adolescente; o Ciclano só vive de politicagem pra cima e pra baixo na empresa; a Beltrana sabe muito bem onde quer chegar com aquele decotão no escritório; o filho da Locha é uma peste, ela não sabe educar aquele menino; diga-me com quem andas e eu te direi quem és…

Dizem que todo mundo julga. Eu concordo. Pode até ser que uns sejam mais bondosos que outros ao julgar, mas julgam.

Ultimamente eu venho pensando que julgar não só é característica de personalidade como é também hábito. E hábito a gente muda, né? Venho repetindo o mantra: não julgue, não julgue, mas é bem difícil viu…

Ontem eu estava pensando, quem julga ( como eu o fiz alguns posts pra baixo ) normalmente só vê um lado da história, ou então se esquece de tentar se colocar nos sapatos do outro pra ver quanto o calo aperta. Estou apontando o dedo pra mim mesma.

Ontem eu almocei com a lourinha que se separou do marido 4 meses depois de casar ( desça uns posts ). Passado o choque, acostumada com a idéia eu fico pensando… será que eu teria feito diferente? É fácil agora dizer que não, mas será mesmo???

Eu sei que o casamento de blogueiras é maravilhoso e coisa de novela, afinal é só isso que a gente lê, maridos maravilhosos e namorados ultra-românticos, verdadeiros Richard Gere's com bouquet de rosas no teto solar da limusine… mas o meu casamento, o da Adriana, tem lá seus baixos, aquele dia em que você tá "p" da vida com o marido, ou a se-ma-na que você está "p" da vida com o marido... A Marina, que morava na Suécia, quando se separou do namorado começou um post dizendo: todo relacionamento é como uma montanha russa, hoje o carrinho da minha montanha russa não encontrou forças para subir os trilhos e o Fulano me disse que não me ama mais. Me marcou muito essa frase.

A colega loira, J., usou ontem uma expressão semelhante, a montanha russa vai tendo cada vez mais baixos, e mais baixos, e mais constantes baixos, e você fica pensando que se emagrecer e ficar mais bonita ele vai te dar mais atenção, que se você for promovida e ganhar mais vai ser mais valorizada e ter mais atenção, se você casar e passar de namorada a esposa vai ganhar mais atenção, e você acaba, mesmo vendo que as coisas vão mal, embarcando em mais uma tentativa pra ter o que falta na sua relação. Eu julguei, eu pensei ( e falei e escrevi ), como pode você ver que vai tudo mal e mesmo assim planejar um casamento um ano, e casar? Mas a verdade é que se eu tivesse 27 anos, numa relação de 11, com meu primeiro namorado que eu conheci aos 16, não sei se eu teria feito as coisas diferentes… Colocando-me - generosamente - no lugar dela, eu penso que deve ter sido muito difícil, e que pelo menos ela parou antes de entrar no joguinho de ter filho pra salvar relação, que é a coisa mais comum e o capítulo mais manjado do livreto ( ó eu julgando de novo ).

E como ela fala, no fim, estar infeliz no casamento, e ficar remoendo o aniversário de namoro esquecido, a lingerie não apreciada, o corte de cabelo não notado, cria - numa garota de 27 anos que só teve um namorado na vida - a predisposição ideal pra se encantar com um colega de trabalho mais maduro, bonitão, que elogia, aprecia, valoriza.

Eu entendo. Entendo e torço para que não seja tudo ilusão da cabeça dela, e crise do lobo ( não julgue, Adriana ) dele, e que daqui há vários anos eu os veja ainda juntos, felizes, levando a vida que sofreram ( e fizeram sofrer ) pra ter.

Estou agora repetindo o mantra para ser mais bondosa com ELE. Confesso que ainda penso na coitada da esposa que nesse momento teve que sair da casa onde moravam há 11 anos porque num milagre venderam rapidinho, que está vivendo com uma pensão de 980 euros ( que ele acha muito, 30% do salário líquido dele ), com duas filhas para cuidar, procurando emprego depois de 7 anos sem trabalhar, já na casa dos 40 sem grandes experiências profissionais ou carreira propriamente em si. Eu sempre digo que quem fica em casa pra cuidar de filho está ultra sujeita à uma meleca dessas, mas quando a gente vê acontecer, ainda é de revoltar. Eu penso que já que havia um acordo que ela cuidaria das crianças e da casa, que agora ela deveria levar 50% do salário dele, não foi esse o trato, formar uma família e dividir o trabalho meio-a-meio, você fora de casa e eu lavando, limpando, cozinhando, parindo? Meus colegas ( assim como meu irmão há 8 anos ), acham que se a relação acabou ambos tem o direito de tentar reconstruir a vida, e que é um absurdo o homem ter que bancar a esposa com 50% do salário até quando sabe-se lá… e que claro, vai sobrar pouco dinheiro pra gastar com a loira novinha ( sorry people… Adriana, não julgue ).

Como vocês podem ver, tenho que praticar o Não Julgue muito ainda…

sábado, outubro 30

Se eu fosse vocês...

Se eu fosse vocês eu ía correndo ler o blog da Dr. Alice, o 1 ou 2 palavrinhas ( link ali do lado, primeirão porque é order "analfabética"). Ela escreve super bem, e se vier neguinho me cobrar de ter o português tão bonitinho vai levar cascudo.

Empurrando com a barriga

Tem épocas que eu tô mais devagar que tartaruga. Essa é uma delas, ando empurrando tudo com a barriga. Estão empacados as rolluiken, toda a viagem dentro do Brasil ( os tickets internacionais eu comprei ), o carro novo, até a TV encomendada, que chegou hoje na loja de funcionários da Philips não foi buscada, já que só de pensar em carregar aquela monstruosidade na chuva me deu uma preguiça... E eu queria comprar uma botinha Hamilton da ECCO pra trabalhar, e precisava dar uma procurada em CENTRUM que não tem na Kruidvat, Etos ou AH. Precisava começar a procurar os presentes da família, e não vai poder ser volumoso porque agora a KLM diminuiu o limite de bagagem pra 1 mala de 23 kg ( cornos ).

Eu estava tãO devagar hoje quando fui às compras que comprei um daqueles REDBULLs concentrados ( shots ) e mandei ver. O negócio é a coisa mais horrenda que eu já tomei, quase botei pra fora, mas funciona - deu um gás bem dos bão.

Agora eu vou lá pra sala ler e juro que não vou tirar um cochilo.

ZZZZZZZZZZZzzzzzzzzzzzzz

quinta-feira, outubro 28

A Holanda para os holandeses

Eu mudei pra Holanda no ano que o Theo van Gogh* for assassinado ( resumão: um cineasta controverso, que fez filmes "expondo" os abusos dos mulçumanos, vivia recebendo ameaças de morte e tinha um policial-guardacostas, escapou pra fumar na rua, foi esfaqueado e morreu ). De lá pra cá só vejo o preconceito contra os imigrantes crescer.

Ontem o novo primeiro ministro, em quem eu votei aliás, se envolveu numa controvérsia, novamente, sobre a lei da dupla cidadania. Discute-se agora leis mais firmes para admitir a entrada de novos imigrantes no país, e fala-se até em mandar quem já tem duas cidadanias escolher uma.

A discussão sempre vai praquele manjado problema: ninguém se incomoda com a Sueca ou o Inglês ( há uma sueca ligada ao CDA e um Inglês na Segunda Câmara ), o que incomoda mesmo são ou turcos e marroquinos, e admitir isso é discriminar.

Eu acho o seguinte ( e quem quer saber do meu pitaco? ). A Holanda devia ter um programa de imigração de profissionais como o Canadá e a Austrália tem. Eles publicam uma lista dos profissionais desejados naquele ano, e você ganha pontos por experiência, formação acadêmica, e baseado nisso te dão o visto ou não. E deveriam endurecer aquele teste para receber o visto antes de imigrar, porque dizem que um dos maiores problemas é que os turcos e marroquinos daqui vão aos seus países escolher seus cônjuges e trazem mais turcos e marroquinos ( eu sinceramente acho isso pataquada, já vi muito turco com holandesa, marroquina com holandês e tem tanto turco e marroquino por aqui que eles podem facilmente encontrar seus parceiros dentre a própria comunidade ).

Mas Adriana, você mesmo é imigrante, então porque você acha que deveriam endurecer os testes, as leis? Eu acho que se a imigração é mesmo um problema ( e não só preconceito ), que se no meio da crise que o país enfrentou ( e ainda enfrenta ) ajudar exilados e investir na adaptação de imigrantes não é prioridade, há que se endurecer a lei e deixar os critérios bem claros. Uma única vez eu participei duma discussão sobre a imigração na Holanda, e eu simplesmente disse: sou imigrante legal, o país ditou uma lei e eu obedeci, ninguém pode me culpar ou cobrar de nada. O que eu acho errado é permitir a imigração de um número maior que o país comporta e jogar esse povo aqui sem suporte, sem emprego, sem verba pra dar um cursinho de holandês pra eles. A crise da qual estamos saindo foi comparada à crise de 1930, uma das piores da história.

Ah, Adriana, mas essa é uma discussão antiga, anterior à crise. Isso é verdade, e eu acho difícil tomar partido.  E acho que deve haver o mesmo preconceito contra uma determinada nacionalidade em cada país ( menos no Brasil, repararam? ).

Eu, que não me considero a imigrante mais adaptada do universo, estarei voltando em janeiro para a escola. Farei ( mais um ) curso de holandês, metade do programa é holandês para executivos e outra metade holandês técnico. Em breve saberei explicar o funcionamento da rebimboca da parafuseta em holandês. Yay (not)!

E na tentativa de treinar a língua e entender um pouco mais a cabecinha do povo daqui, assisti ontem Hello Goodbye, indicado por uma das comadres. É um programa baratésimo, bem B mesmo, onde um cara com uma câmera fica no aeroporto batendo papo com quem vai e vem. Não sei se foi o episódio de ontem, mas acabei o programa tão deprimida, mas tão deprimida… É só gente chorando, cada história triste do caramba. Ontem teve um hómi lá com um filho excepcional ( na verdade ele tinha distrofia muscular e andava todo torto ), um senhor que imigrou pra Nova Zelândia e estava lá todo chororô voltando praquele país depois de visitar a família aqui, e pra fechar com chave de ouro, uma fulana lá cujo pai, quando ela era mais nova, chegou na lata e disse que estava se separando da mãe porque ele estava apaixonado por outra.

Esse programa, o céu cinza e chuvarento, minha vontade descontrolada de comer pão de queijo, me deram uma depressão que cheguei no trabalho me arrastando.

Vou ter que ir me curar no japa batendo papo com a comadre. Muito sushi, yakitori e teppaniaki. E programa holandês vai voltar a ser o 3 op reis ( programa de viagem ) e olha lá.



* Correção, como lembrado pela Holandesa: Theo van Gogh, Pim morreu 6 meses antes de eu vir pra cá, também assassinado.

quarta-feira, outubro 27

Quem marcou as eleições pro meio do feriado?


Nunca vi uma eleição que joga-se tanto a meleca no ventilador como essa. Brigam os candidatos, briga a imprensa, brigam os eleitores.

Os dois candidatos vão à TV em horário nobre e ao invés de apresentar seu plano de governo, ficam é se estapeando. E é tanta sujeira de ambos os lados, que a gente se pergunta mesmo se não teria sido melhor votar na Marina, que a essa altura deve estar é bem aliviada de ter escapado dessa. Ou no Tiririca, né, que aliás é um mentiroso, dizia que pior que tava não ficava, e ó, a tirar pelo debate dessa semana, ficou.

Mas como dá pra reclamar da qualidade do candidato se a qualidade do eleitor é ainda pior?

Já ouvi:

( Da minha mãe ): vou votar no Serra porque é por causa de um programa dele que eu pego meu remédio de graça no SUS… E eu pergunto pra ela: não seria melhor quem se comprometesse a aumentar sua aposentadoria ou a diminuir os impostos dos remédios, assim você pode pagá-los numa boa?

( De outro parente ): fulano não consegue emprego, sempre é reprovado na última entrevista, ainda bem que ele passou num concurso publico, porque emprego em empresa privada ele não ía conseguir nunca… Oi? Se alguém não tem competência pra conseguir um emprego normal, é essa pessoa que a gente quer num cargo público? Oi2? Porque é que cargo público é cabide? Deveriam ter análise de performance como qualquer funcionário de empresa privata tem, e se não trabalhou bem, rua!

( De fornecedor ): vou votar na Dilma, pra ela continuar o que o Lula fez. Se o dolar continuar baixo assim, ano que vem eu consigo ir pra Orlando… ( !!!!!!!!!!!!!! )

( Do primo que tem moto, carro e roupinha de marca ): o PT inventou o tal bolsa-educação, mas com tantos filhos nunca recebi nada… E usar o salário educação pra comprar calça da Forum?

( De um conhecido da família ): qual deles defende o direito ao aborto? Porque aborteiro tudo mundo conhece um, pelo menos se fosse no SUS era de graça, né? ( !!!!! ????? !!!!!! #@%$@ feladapóta )

E pra terminar o pior, de uma senhora de 80 anos, parte da família: Votar na Dilma? Eu hein, de jeito nenhum, ela é anarquista e sapatona.


terça-feira, outubro 26

Parece que vai dar Dilma

Dilma está 11 pontos percentuais na frente do Serra. Até uns dias atrás não era só uns 5 ou 6?

Acho que eu sei o motivo. Vai ver descobriram que o Serra é na verdade o ET de Corguinho. Ele podia ter disfarçado melhor, mas aquele cabeção e os zóião de farolete… Tá na cara que é ele!

segunda-feira, outubro 25

Salve minhas férias!


Aqui na Holanda tem um programa aos domingos que me deixa pulando e xingando do sofá: salve minhas férias!

Todas as semanas são mostrados vários casos de holandeses que compram suas férias em hotéis, campings, apartamentos alugados, e embora na hora de comprar vejam brochuras ou websites com fotos maravilhosas, ao chegar no destino o lugar é um muquifo.

Sacanear turista, para mim, deveria ser crime inafiançável. A não ser que você seja rico e tenha muita grana a sua disposição, você irá, como eu, guardar seu suado dinheirinho pra férias, sem falar na miséria de dias que a gente tem ( aqui na Holanda "só" 40 ) pra aproveitar. Aí você chega no hotel e é tudo um esporcatcho, em alguns casos você nem fala a língua do lugar, ou você não sabe como contactar a agência de turismo pra reclamar…

Eu tenho a oportunidade de viajar várias vezes por ano. Eu ando de carro pocotó, eu compro móveis baratos, eu quase não vou à restaurantes, eu não compro roupas de marca, mas eu viajo bastante, e bem. Hoje eu já sou macaca véia, mas pra chegar aqui eu passei por alguns apuros que me fizeram aprender.

Primeiro mandamento do turista: se a esmola for demais, assim como o santo, desconfie. Se você pesquisa vários hotéis numa região e todos custam 100 dinheiros a diária, se aparecer um que promete o mesmo que os outros mas custa 50 dinheiros, desconfie, não se ache o espertinho que achou uma puuuuuta babada.

Outro primeiro mandamento ( empatado com o primeiro acima ): não faça nenhuma reserva ou compre pacote sem antes pesquisar os hotéis no TRIPADVISOR. Não pense que só porque é uma agência que está oferecendo um pacote a qualidade da acomodação é garantida. No tripadvisor há resenhas de viajantes, com fotos que eles fizeram ( e não só as oficiais do website do hotel ), tem até uma seção que mostra fotos de website e a "realidade", e acreditem-me é chocante! Tem gente muito cara de pau nesse ramo!

Faça uma listinha de "quesitos" necessários para você e sua família num hotel. Por exemplo, eu não tenho filhos, logo, em uma das minhas primeiras viagens de praia fiquei num hotel que não tinha clubinho pras creonças, e eu nem liguei, chegando lá vi o tamanho do meu erro: a criançada alucinada, correndo de cima pra baixo, azucrinando na piscina O TEMPO TODO. Depois disso passamos a visitar hotéis que não aceitam crianças ou que tenham clubinho, porque aí pelo menos metade da creonçada fica nas atividades com os monitores, e a gente tem paz pra aproveitar o hotel que NÃO É MAIS BARATO PARA QUEM NÃO TEM FILHOS.

Estude bem a localização, se você for de carro, principalmente na Europa, se tem estacionamento gratuito, se for num andar mais alto, veja se tem elevador ( ficar no terceiro andar com criança pequena sem elevador é pedir pra sofrer ), se café da manhã está incluido ( preste atenção que nos EUA muitas vezes eles falam "café continental" que é um par de donuts ou bagels e café-chafé de máquina ).

Se você reservou pela internet, leve toda a documentação impressa. Se reservou por site de reserva ( booking.com, hotels.com ) além da papelada impressa leve também o telefone do serviço de emergência, o truque mais antigo do livro é o gerente do hotel dizer que a central de reserva não repassou o dinheiro e você tem que pagar de novo. Se você está indo de pacote, além do hotline da agência, peça de antemão o telefone do receptivo, sem falar que os vouchers devem sempre estar com você.

Se você chegar no hotel e ele for uma pitomba, antes de ligar para a agência e rodar a baiana, diz a lei que você tem que dar ao hotel a oportunidade de retificar o erro, ou seja, te dar um quarto melhor. Só se o hotel não resolver seu problema é que você deve ligar pro receptivo ( em caso de pacote ). Se você for "por conta", no caso do hotel ser uma droga fica mais complicado, porque você vai reclamar pra quem? Então tire fotos para provar que o quarto era uma droga, pra tentar recuperar parte do dinheiro mais tarde. Se você nunca tiver ido naquele hotel, não compre os pacotes pré-pagos do booking.com e afins, vai ser um parto conseguir sua grana de volta. Se um hotel for ruim ao ponto de você não suportar ficar nele, você vai ter que ir procurar outro, então tenha um Lonely Planet ou qualquer outro guia sempre à mão, e a diária daquele dia vai pro beleléu, isso se o hotel permitir cancelamento um dia antes.

E muito importante também é escolher uma boa agência de turismo. Aqui na Holanda eu usei uma vez a D-Reizen, que se diz a mais barata do país. Comprei um pacote para o Egito 3 meses antes da viagem, escolhi o hotel a dedo, li muito tripadvisor, pesquisei localização, alimentação, tudinho; e estava felicíssima com a minha escolha. Uma semana antes da viagem a D-Reizen me ligou dizendo que o hotel fez overbooking, que eu tinha que escolher outro. Hoje eu sei que é responsabilidade da agência administrar overbooking de hotel, principalmente porque eu tinha o boleto do pagamento onde constava que o hotel e a passagem estavam confirmados. A prática normal nesses casos, fosse uma agência boa, eles te ligariam e te dariam um upgrade. Mas não com a D-Reizen. Eles me mandaram escolher outro hotel, 7 dias antes da viagem, e tudo estava lotado. Quando já estávamos desesperados, eles ofereceram um hotel "novo", eu não achei nenhuma resenha no Tripadvisor, mas juraram que era também 5 estrelas, que era na praia, que era all-in. Chegando lá, o hotel não era na praia, tinha um trenzinho pra levar a cada 30 minutos, o all-in não incluía nenhuma bebida alcoólica, e as 5 estrelas viraram 4 estrelas 3 semanas depois que voltamos. Então o que digo é, shit happens? Claro que sim, mas a forma como a D-Reizen agiu para solucionar o problema foi inaceitável, e eu não sabia na época quais eram os meus direitos. D-Reizen nunca mais, uso há anos a ARKE sem problema algum.

E é isso puevo, outro dia falo dos vôos, que tô ficando expert nisso também...


sexta-feira, outubro 22

Oi macacada!

Ultimamente eu tenho pensado muito que o ser humano é só um bicho, que nossa tão celebrada racionalidade é só uma invenção de algum cientista maluco.

Quando fui promovida outros 2 colegas do grupo de compras vizinho também foram, e juntos formamos um "clubje" como se diz aqui, ou uma panelinha, no Brasil. Sempre gostei muito dos dois. Um deles ficou viúvo há 6 anos, a mulher morreu de câncer deixando-o com duas crianças pra criar, e eu sempre achei que o cara dever ser bem centrado e forte pra lidar com uma situação dessas sem quebrar em mil pedaços. Vai ver que eu sou romântica e nem sei, porque 90% da minha opinião sobre o cara é baseando numa fantasia da minha cabeça, né? Há uns 3 meses fiquei sabendo que enquanto a mulher estava passando por quimio, cirurgias e tal ele conheceu outra, chifrou a mulher doente sem muita preocupação em ser discreto, e ao invés de esperar "o fim derradeiro", se é que vocês me entendem, largou a mulher pra viver com a nova namorada, mesmo já sabendo que o tratamento não havia funcionado e que a esposa tinha alguns meses de vida. Eu fico pensando, será que a pessoa não pode ter um pouco de compaixão, adiar seus planos por 6, 12 meses, dar à companheira de anos um pouco de suporte - enquanto ela espera a morte… Já imaginaram como foi o fim da vida dessa coitada?

Ontem fiquei sabendo que a colega que casou em Dezembro deixou o marido 5 meses depois do casamento e está morando com outro colega de trabalho, já fazem 6 meses e eu nunca percebi, os dois sentam a 10 metros de mim. Eles vem trabalhar juntos, eles vão a todos os happy-hours junto, até foram viajar de férias junto, e eu nunca percebi nada. O que me chocou na história? Não foi só ela ter se separado 5 meses após o casamento cuja festa de arromba ela planejou por 1 ano, mas foi ELE ter se separado da esposa que eu cheguei a conhecer, muito bonita, duas filhinhas pequenas, ele sempre cobriu-a de elogios… Ela tem 26 anos, ele tem 40 ( crise do lobo??? ), ela me disse que durante um happy-hour da empresa num barzinho, estavam com fome e decidiram comer no Mc, que nunca tinha rolado nenhuma vibe antes disso, que conversaram ali por 2 horas, que ela não conseguiu tirá-lo da cabeça o fim de semana inteiro, na segunda feira ele confessou que também não tinha tirado ela da cabeça, naquela semana eles tiraram 2 dias "off" para se conhecer melhor e disseram pros cônjuges que viajaram a trabalho, foram para Estocolmo ( cortesia das passagens de 5 euros da Ryanair ), furunfaram, voltaram decididos a se divorciar, um mês depois estavam morando junto. Na empresa ninguém sabe - só o staff, eu acho que alguns menos lerdinhos do que eu desconfiam… Hoje eu fui tomar um café com ela e ela me disse que o chifre é inevitável nessa situação, porque você não vai largar seu cônjuge sem ter certeza que a química com o "novo" pretendente rola. Oi? Oi mesmo? Oi de novo? Se você se sente envolvida o suficiente pra contemplar chifrar e largar seu marido, não é sinal que a vaca JÁ foi pro brejo? Eu fico me dando auto-tapas na cara, porque só agora ando ligando os pontinhos. O cara é simpático, é até bonito, e anda num bom humor já há meses, e eu até perguntei pra ele brincando outro dia se ele tinha sido premiado na loteria, e ele só ria… só pode, lobão papando a loirinha 14 anos mais nova… E ela, como viver - e o que é pior - começar uma vida junto com outra pessoa, sabendo que foi às custas de separar uma família? Eu sei que muitos vão falar, ah mas se ele saiu atrás dela é porque algo já ía mal, mas será? Sabem… é isso mesmo… ninguém que tá casado tem garantia nenhuma que no mês que vem continuará casado, e é ilusão pensar o contrário. E sabem porque?

Porque somos todos bichos. Uns mais que outros, mas mesmo assim, todos bichos. Au Au, óinc óinc, mu mu, miau miau…


quinta-feira, outubro 21

Estou perdidinha!


Ontem compramos nossas passagens para o Brasil. Custaram muito mais do que eu esperava, além de já estarem caras porque eu deixei para muito tarde, outros dois fatores pesaram. A KLM opera agora com a Air France, e a Air France tem dois vôos diários para São Paulo, que eles precisam encher. Por isso, a passagem via Paris está pelo menos €200 euros mais barata se nós fizéssemos conexão em Paris, mas só de pensar em passar a noite em claro no avião ( volta ), depois de 11 horas de vôo ainda ter que descer naquele aeroporto odioso que é o CDG, esperar sua conexão, voar outra horinha, pra só então chegar no Schiphol… e ter ainda que pegar trem pra Eindhoven… não rola, não rola e não rola.

O segundo fator é a tal comfort class. Eu queria muito para a volta, afinal quando seu corpitcho está esmigalhado e quer dormir, 12 cm a mais de cadeira e inclinaçãozinha a mais são um presente do divino, mas Bart quis também na ida. Ele ODEIA viagens longas, e apesar de não ser tão alto ( 1.80 mt ), ele fica apertado nos assentos normais, então se dá pra ele ficar um pouco mais confortável, e sentir menos a viagem, que seja.

Tudo isso pra dizer que gastamos muito mais do que esperávamos por cada passagem. Muito. E por isso eu queria maneirar um pouquinho quando estivermos lá, mas tá difícil e é aí que eu estou perdidinha. E é aí que vocês podem me ajudar.

Pode parecer loucura, mas eu acho que a forma mais fácil de economizar é ir pra um resort all in. Vejam só, o plano inicial era irmos pra Morro de São Paulo, mas vai ser um furo enorme no bolso. A diária da pousada é R$ 390,00 só com café, teremos que ir de teco-teco porque o marido quase morre de enjôo em barcos ( no total serão R$ 1000,00 só de passagem de teco-teco ), mais almoços e jantares, e passeios. Não sei se esse ano vai caber no nosso budget.

Uma semaninha no Iberostar Praia do Forte tá €650 por cabeça, mas toda a alimentação está incluida, e não teríamos que desembolsar a grana do teco-teco.

Olhando no site Viaje na Viagem, dá vontade de ir em tantos resorts!

A Costa do Sauípe está totalmente renovada, dizem que está ótima, alguém já foi, sabe se é legal???

Tem um novo chamado Palladium Imbassaí, que fica perto da Praia do Forte e a 5 km de Imbassaí ( e do fim do ponto do ônibus ) que é caindo de chique, e está super barato, mas ele não é na areia da praia, fica numa reserva ambiental e tem uma jardineira pra te levar pra praia.

O Enotel em Porto de Galinhas parece que está sendo vendido de novo, estou meio com medo.

Tem tantos, mas tantos….

Povo, quero conselhos, por favor! Preciso decidir djá pra onde ir…

quarta-feira, outubro 20

QI depende de nacionalidade?

A KLM oferece a opção de vôo na Economy comfort class. Na ida eu não acho necessário porque é vôo diurno, vamos sentar e ver filmes, mas na volta é vôo noturno, então queremos mais conforto para, quem sabe, tirar uma soneca. A disponibilidade desses assentos não pode ser vista no momento da compra, os assentos são liberados 90 dias antes da viagem, quem já tiver a passagem comprada, logar primeiro e pagar o adicional, leva. Como já faltam menos de 90 dias pra minha volta, queria saber se ainda tem assentos Comfort disponíveis, e se não tiver no dia que eu quero voltar, mas um dia antes ou um depois, eu posso até mudar minha volta.

Adriana liga pra KLM, desk-service holandês:

( Adriana em holandês ): Minha senhora, estou a ponto de fazer a compra da minha passagem AMS-GRU-AMS mas gostaria de saber se ainda existem tickets Comfort disponíveis na data que eu escolhi.

Een moment mevrouw: tec tec tec tic tic tic, não dá!
Eu: O que não dá?
Mulé: Pra ver as reservas... só 90 dias antes do vôo.
Eu: Faltam 60.
Mulé: Effe Wachten ( peraê )… tec tec tec… não dá…
Eu: O que não dá?
Mulé: Pra ver as reservas…
Eu: Mas essa é a reservation line, onde dá então…
Mulé: Eu só faço reservas…
Eu: Mas se eu tivesse um e-ticket você poderia entrar na tela e ver?
Mulé: Effe Wachten… tec tec tec… Como assim?
Eu: Você precisa de um numero de reserva pra abrir a tela?
Mulé: Effe Wachten… tec tic toc… não, eu posso ver a tela de qualquer forma...
Eu: ( pensando ) meu holandês tá ruim e a mulé não tá me entendendo… Explico VAGAROSAMENTE a situação novamente, porque não é possível que uma central de reservas não possa ver as reservas! Meu colega de trabalho sussura que meu holandês tá jóinha, até ele entendeu… mas a mevráu entra em pânico e me passa pra uma inglesa

Eu: bla di bla ( explicando a situação )
Girl: Qual é o vôo e que dia?
Eu: KL792 dia 31/dez
Girl: ( em 3 segundos ) Tem 24 lugares disponíveis
Eu: Tem corredor?
Girl: Vários
Eu: Obrigadíssima
Girl: Você tem programa de milhagen?
Eu: Tenho
Girl: Olha lá que tem upgrade em promoção
Eu: Obrigadíssima de novo

God Save the Queen!

Rapadura é doce mas não é mole não!


Viajar é bom. Viajar é ótimo. Já até me vejo sentadinha numa daquelas cadeiras de praia na Bahia, tomando uma caipirinha de caju, o vento emaranhando os cabelos, 30 graus esquentando a pele…

Mas até chegar lá, vou ter que atravessar o inferno andando descalça sobre pedras fumegantes, vestindo calça brega da gang e ouvindo bonde do tigrão, ou seja, o máximo da punição infernal.

Vejam o que tenho que resolver:

- comprar passagens AMS-GRU-AMS - queremos vôo direto KLM e tá €1155, um roubo!
- hotel pra pernoitar no Schiphol que permita estacionar-se o carro por 28 dias - a maioria permite só 14, quando muito 21 dias

- hotel para pernoitar em Guarulhos, silencioso e com shuttle para o aeroporto
- alguém da família que venha pegar a mala de presentes no GRU, que no teco-teco pra Morro eu só posso levar 15 kg
- vôo de GRU para a Bahia, que bata com o horário do teco-teco para Morro de SP
- teco-teco para Morro de SP
- pousada em Morro de SP - a que me indicaram pediu "depósito", vou ter que achar um outro jeito
- teco-teco de volta pra Salvador
- segunda semana de férias, de preferência num resort all-in: Praia do Forte, Imbassaí ( esses dois pertinho e super prático ), Itacaré ou Porto de Galinhas ( RIU Enotel ) - reserva via agência alemã

- aluguel de carro na Bahia ou Porto de Galinhas -  se for GOL tem desconto na Unidas, mas compensa?
- no caso de irmos pra Porto de Galinhas, vôo para Recife
- vôo do Nordeste para SP, de preferência Congonhas
- alguém que nos pegue em Congonhas
- hotelzinho pros gatuchos

E o pior: os presentes! Minha sobrinha quer Kipling, mas os modelos "it" no Brasil são de 3 coleções passadas na Europa, achar onde? O sobrinho provavelmente vai querer algum eletrônico ou jogo que eu posso comprar via BOL ( a tita te ama, Bru ). Minha mãe tem que ser uns 2 presentes, ela faz aniversário em novembro. Pro meu irmão e cunhada uma roupa qualquer. Pra Thali um All-Star de pelinhos por dentro. Pra minha amiga Fê uma garrafa de Lagavulin. Pras tias vou ver se pesco alguma coisinha tipo cachecolzinho, ou biju, em liquidação. Pra minha avó dizem que ela gosta de bicho de pelúcia, então vou comprar um bem maciozinho.

Tudo isso tenho que resolver sozinha, porque o marido mais atrapalha que ajuda.

terça-feira, outubro 19

Amor sem fronteiras


Na tv holandesa há um programa chamado grenzeloos verliefd, ou algo como amor sem limites. O programa mostra uma holandesa ( nunca vi nenhum programa com um homem holandês, é sempre uma mulher ) que se apaixona por um estrangeiro e imigra para algum país para ficar com ele. Até alguns programas atrás, era sempre um imigrante pobrezinho, elas sempre se mudavam para algum fim de mundo num casebre, ou então o namorado/marido era mulçumano e mostrava o incrível choque de culturas, o programa era sempre muito, muito radical. Teve um que mostrou uma holandesa que foi morar no Brasil numa daquelas casas de palafita, uma pobreza que até eu que nasci e vivi até os 30 no Brasil, nunca vi.

Nunca consegui terminar de ver um capítulo, sempre me aborreço com o radicalismo do programa, e querendo treinar meu holandês ou não, mudo de canal. Mas a secretária aqui do departamento é fã número um, daquelas que se perde um programa, corre assistir na internet assim que chega em casa.

Há algumas semanas, houve um programa de uma holandesa que mudou para o Egito. Acho que foi um dos mais radicais que eu já vi, não pela pobreza, eles nem estavam tão mal instalados assim, mas porque a holandesa largou tudo e mudou pro Egito sem nunca ter tido relações íntimas com o namorado, e casou sem antes ter relações íntimas. O programa mostrou o conflito do casal antes do casamento, ela - vinda duma sociedade onde adolescente ela já transava como namorado, ele - virgem aos 28 anos. Eles casaram, ela engravidou, e o mais chocante foi ela admitir na TV que pela lei egípcia ela não tem direito algum ao bebê, ele "pertence" ao pai.

Me lembrou daquele filme: Never without my daughter, de uma mulher que passa por situação semelhante ao visitar o Iran com o marido Iraniano.

Eu conheço muito pouco da religião mulçumana, e fico me perguntando se é lei religiosa ou civil que dá a "posse" do filho para o pai. Alguém sabe? Interessante é que em muitos países a cidadania de um bebê é determinado pela "lei do livre ventre", que parte do princípio que o filho deve ter a cidadania da mãe porque pai, até que se prove o contrário, pode ser qualquer um.

Ainda nessa linha do "me encafifa mas eu não sei o que diz o Corão", eu digo que, apesar muita gente ter criticado o filme Sex in the City 2 ( que aliás eu achei perfeitamente bobinho mas divertido ) eu também acho humilhante as mulheres que usam burka. Aqui em Eindhoven e até no Egito eu já tinha visto algumas, e sempre me perguntei como fariam para comer em público, e no filme eu vi. Em tempos de discussão sobre a proibição da burka em países Europeus, eu acho que pouquíssimas mulheres vestem burka por opção, a maioria deve ser por pressão do marido, de familiares.

Eu acho que a burka deveria ser proibida sim, pelo simples fato de que a pessoa por baixo é inidentificável, pode cometer qualquer crime sem ser identificada. Pior ainda, é que existem casos de homens-bombas que se esconderam debaixo de burkas e ninguém percebeu.

Dito isso, sou totalmente contra a proibição do lencinho na cabeça. Só aceitaria tal proibição se fosse também proibido usar cruxifixo na correntinha, ou aquelas estrelas de Davi ou qualquer manifestação de fé religiosa. Aliás, a família do meu pai é Lituana, e eu lembro que as mulheres mais velhas sempre usavam um lencinho muito parecido com o das mulçumanas ( só que davam um nó debaixo do queixo ), não por nenhuma questão religiosa, mas simplesmente porque na Lituania eram camponesas e parece que era costume fazer isso antes de irem trabalhar na roça. Seria esse lenço proibido também? E lenço em cima dos bobs? Minha tia Sônia fez tanta "touca" e por cima punha um lenço, seria proibido também?

E como sempre, comecei falando lá e terminei com crá.

O programa Amor sem Fronteiras aliás, suavisou e ficou meio chato. Até acharem o meio termo, que mostre a cultura do novo país sem os exageros do "meu amor numa cabana - literalmente", mas que não caiam na "agüice com açúcar" de ficar mostrando a vida de um casalzinho classe média em Seattle ( bóóóóring ), eu ficarem sem assistir o programa. Vou agora treinar meu holandês com um tal de Hello, Goodbye. Sou fanática por TV, mas tô pra ver algum país com programas mais chatonildos que esse aqui. Até Band é melhor.

 

segunda-feira, outubro 18

ET Phoned home


Quando você imigra, sendo uma pessoa espertinha ( que eu sou ), você já se prepara pra ter que se adaptar a certos costumes locais, se prepara para aprender a operar numa nova cultura, mesmo que você não concorde 100% com ela.

Aqui na Holanda, uma das coisas mais difíceis de se acostumar é com a forma direta do povo, especialmente no trabalho. Quem é sensível quebra, juro. No começo é chocante, com o passar do tempo você se acostuma, e passa até a apreciar ( eu pelo menos aprecio muito ), apesar de achar que certas coisas podiam ser "suavizadas ( com s? ) " ou simplesmente omitidas. Você chega de manhã com um corte e cor diferentes no cabelo, se o neguinho achou feio ele vai dizer: do outro jeito tava melhor. Aí eu penso, já cortei e não vou usar peruca, já pintei e não vou usar peruca ( e nem pintar de novo ), e aliás, quem perguntou?

Aí você muda também ou vai ser sempre o pateta, dando voltas no assunto pra chegar ao ponto, ou sempre usando eufemismos… não, não rola. E daí você é objetivos 335 dias por ano, e nos 30 dias que você liga pro Brasil pra falar com os familiares, você tem que respirar fundo e baixar a bola, e munir-se de todo aquele repertório de desculpinhas esfarrapadas, de eufemismos, de enrolações. Pelo menos eu tenho que fazer isso, porque lá no Brasil meu pai já decretou que depois que eu mudei pra cá eu virei a pessoa mais "rude" que ele conhece.

Aí Adriana liga pro Brasil primeiro pra cunhada, que me dá o report de como minha mãe está. Aí minha cunhada pensa, "adianta eu falar dos problemas se ela tá lá longe e pouco pode fazer?", então ela fala que tá tudo bem, que minha mãe tá bem, que tudo está sobre controle. E eu noto que o diálogo está meio superficial, mas de nada adianta, eu não consigo tirar muito dela.

Aí eu ligo pra minha mãe e tudo está muito diferente do que minha cunhada disse, mas minha mãe fica rodeando também, de forma que eu não faço a mínima idéia de como resolver as pendengas de lá.

Aí o inteligente pensa: se o povo não se dá ao trabalho de explicar a situação, deixa pra lá que eles se viram. Mas aí é que tá, não se viram, porque no fim a bomba estoura e estoura também pro meu lado, mas chega de um jeito que eu não tenho mais o que fazer.

Exemplos?

Minha mãe nunca me consultou sobre parar de pagar o plano de saúde, eu só fiquei sabendo que ela me contou que tinha que fazer uma cirurgia de 10 mil reais pagos por ela. Uma decisão totalmente errada, só porque um médico que ela consulta não atende pelo plano que ela tinha - agora ela tem que pagar todos os exames, consultas, internações, cirurgias, ao invés de pagar o plano e o médico uma vez a cada dois meses. Burrice, né…

Minha mãe vive de rendimentos, todo o pézinho de meia dela estava aplicado em Fundo de Renda Fixa, aí ela viu um monte de gente ganhando grana com ações e colocou metade da grana em ações. Ela nunca me falou nada, eu teria falado pra ela jamais fazer isso, dinheiro do qual a gente depende não se coloca em ações, só fiquei sabendo quando as ações desabaram e ela entrou em desespero. Aí, se ela tivesse me consultado, eu teria dito pra deixar as ações lá que podia demorar anos mas íam se recuperar, mas ela se apavorou e vendeu as ações, perdeu um dinheirão e agora, 1 ano depois, as ações já estão bem recuperadas.

E meu irmão? Ele não entende que minha mãe viveu DECADAS sem se preocupar com um tostão, nunca teve que fazer planejamento financeiro, que ela não entende nada de nada de finanças, que ele tem que ficar em cima e tomar as decisões por ela. Ele vê meu pai cuidar das finanças dele e acha que minha mãe está ( ou deveria ) estar fazendo o mesmo, mas não passa na cabeça dele que minha mãe simplesmente não sabe como.

Ai ai…

Povo, desculpa aí o desabafo, nem era pra eu estar falando dessas coisas aqui, mas é que fica isso martelando na minha cachola, eu fico remoendo o que eu tenho que fazer pra resolver essa situação, e nada me vem à mente…

Como eu disse no post anterior, preciso do tal mindfulness, porque ficar queimando neurônio não vai me ajudar muito não...

Mind-ful(fool)-ness

“Mindfulness practice is simple and completely feasible. Just by sitting and doing nothing, we are doing a tremendous amount.”

Uma das comadres está praticando a tal mindfulness. Confesso que nunca tinha ouvido falar, e tive que ir pesquisar um pouco depois do jantar onde ela contou sobre o curso que está fazendo e as meditações.

Na sexta-feira eu não via razões para a prática, mas nada que um par de dias e um telefonema não faça.

Não vou ficar entrando em detalhes aqui porque nem sei por onde começar. Liguei pra minha mãe e as coisas não estão lá muito bem. Nada de grave, mas sei lá, é duro você ver a pessoa entrando no buraco, falar: ei, peraê, volta, mas ser simplesmente ignorado.

Sabe, com o divórcio e a aposentadoria, meu pai comprou lá um terreninho no interior, fez uma chacarazinha, adotou uma cadela de rua, plantou umas árvores, e de engenheiro virou chacareiro. Minha mãe diz que não entende, até faz certa piadinha, e apesar de como ela, não entender, afinal ele sempre odiou mato, barro, terra, eu até admiro ele ter encontrado uma forma de fazer os dias dele terem propósito, nem que esse propósito seja tirar umas ervas daninhas do caminho ou plantar uns pés de alface.

Minha mãe por sua vez, fica só em casa remoendo, lamentando o que não foi, acordando e indo dormir sem ter uma coisa pra fazer, uma meta pra atingir. O canteiro de ervazinhas que ocupa meu pai ( minha mãe diz: por 1 real eu compro um mação de cheiro-verde na feira, perder meu tempo plantando pra quê? ), no caso da minha mãe é uma doença que embora possa ser controlada facilmente com fisio e remédio, vira a distração e o centro da vida dela, ela faz auto-testes mudando a dose dos remédios, ela não vai à fisio nem faz os exercícios caseiros, e só fala de doença, 24/7.

Eu não sei mais o que aconselhar. Fico quieta. A novidade é que ela está pensando em ir morar com o meu irmão. Eu fiquei chocada, mas depois de pensar bastante, achei bom. Achei bom porque vai ter gente, cachorro, planta, um monte de coisas pra ocupar o dia dela. Vou ter uma conversa séria com o meu irmão, por 8 anos eu fiz o que pude, tá na hora dele tomar o leme desse barco.

Pra mim, ficará a dor de cabeça enorme de colocar o apartamento à venda, lidar com imobiliária, e quando ( e se ) vender o imóvel, ficar naquele dilema de o que fazer com o dinheiro, porque transferir pra cá é evasão de divisa e custa 33% em impostos. Deixar lá aplicado até quando?

Só me resta perguntar: como era mesmo a meditação? Não julgue... Já aconteceu...